Procafé: Florada generalizada não vingou e chances de uma boa safra de arábica no Brasil ficam só para 2024

Publicado em 28/10/2021 14:22 e atualizado em 28/10/2021 16:21
Entrevista com Alysson Fagundes - Eng. Agrônomo e Pesquisador Prócafé sobre a Florada no Café
Alysson Fagundes - Eng. Agrônomo e Pesquisador Prócafé

Podcast

Entrevista com Alysson Fagundes - Eng. Agrônomo e Pesquisador Prócafé sobre a Florada no Café

Voltou a chover no parque cafeeiro, a florada abriu e as diversas fotos compartilhadas nas redes sociais chamou atenção do setor nas últimas semanas. As notícias, no entanto, não são tão positivas para a safra 22 de Brasil. Colecionando problemas climáticos há dois anos, os impactos da seca começam a ficar  mais evidentes no cafezal e de acordo com Alysson Fagundes, pesquisador da Fundação Procafé, a florada não vingou e as chances de uma boa safra de arábica fica cada vez mais distante do produtor. 

Alysson explica que com déficit hídrico muito acentuado, as chuvas chegaram tarde no parque cafeeiro. Segundo a Fundação Procafé, voltou a chover nas principais áreas de produção no dia 1º de outubro, aliviou as condições de seca, mas não recuperou o potencial produtivo da planta - cenário que já era previsto pelo setor cafeeiro no Brasil. Ainda de acordo com a Procafé, apenas os cafés plantados nos pontos mais altos das lavouras e os cafés irrigados são os únicos que apresentam condições mais favoráveis para o ano que vem. 

"Chover no começo de outubro é coisa de outro mundo? Não é, mas chover no início de outubro com o déficit hídrico que nós vinhamos acumulando desde a segunda quinzena de fevereiro, aí sim é coisa de outro mundo sim. O problema não é a época que choveu, é o déficit que se acumulou antes da chuva aconteceu", comenta. 

Explica também que o primeiro problema para a florada de 2022 foi o crescimento da planta, que ficou fora do ideal. Posteriormente, três geadas foram registradas e na consequência o produtor precisou enfrentar a seca pós-geada. 

"A hora que veio chuva é lógico que a gente estava esperando que seria uma super florada porque as flores que deveriam ter aberto no final de agosto/setembro/início de outubro, aguardaram para aquela chuva e toda aquela florada foi sendo uniformizada. Porém quando o botão floral espera muito tempo, a coisa não fica legal e quando nós tivemos a chuva e aquela super florada, o cafeicultor ficou super animado e nós da Fundação Procafé sabíamos que seria um problema grave. Florada muito visível quer dizer que a planta não está muito enfolhada", comenta. 

A situação para o ano que vem é irrerversível, e o especialista afirma ainda que a planta não terá tempo para se recuperar para 2023. "Se nada der errado, 2024 é a maior safra de arábica do Brasil. 2022 é péssima, 2023 também nada de positivo e 2024 é recorde absoluto a não ser que aconteça mais algum problema. Ninguém no pior cenário imaginava seca, geada e geada", comenta. 

Pensando nos próximos ciclos, o produtor precisa estar atento nos tratos culturais para não quebrar ainda mais a safra do ano que vem. O engenheiro comenta que o custo de produção subiu expressivamente, e que esse é o momento do produtor equalizar as aplicações com a realidade atual. "Nós temos que reduzir custo porque não temos como aumentar produtividade. Não estou falando que ele tem que reduzir a adudação, produtos de controle de pragas e doenças, é tomar a melhor estratégia para reduzir custos", complementa. 

Confira a entrevista completa no vídeo acima

Tags:

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Em dia de baixas generalizadas, arábica recua mais de mil pontos em Nova York
Cecafé promove evento na UE para atestar que cafés do Brasil atendem novas regras
Café acompanha dia de aversão e recua mais de mil pontos em Nova York
Café: Colômbia exporta primeiros contêineres comprovando que atende as regras da UE
Faleceu Carlos Castañeda, um dos cafeicultores que personificou o icônico Juan Valdez