Brasil central deve seguir com temperaturas elevadas nos próximos dias, enquanto chuvas devem persistir no Sul
Brasil central deve seguir com temperaturas elevados nos próximos dias, enquanto chuvas devem persistir no Sul
O mês de outubro começou com temperaturas elevadas em praticamente todo o Brasil Central, trazendo apreensão aos produtores rurais que aguardam o retorno mais consistente das chuvas para avançar com o plantio da safra 2025/26. A análise é de Bárbara Sentelhas, CEO e co-fundadora da Agrymet, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Segundo a meteorologista, embora frentes frias tragam instabilidades pontuais nos próximos dias, ainda não há configuração de um período úmido regular. “Esse é um momento de ansiedade para o produtor. Outubro é, historicamente, o mês de transição, mas ainda estamos sob a influência de bloqueios atmosféricos que mantêm o cenário de tempo seco no Brasil Central”, destacou.
Nos próximos dias, as precipitações devem se concentrar nas extremidades do país, especialmente no Sul, Norte e faixa leste do Nordeste. No Rio Grande do Sul, há expectativa de chuvas mais volumosas a partir do dia 7, com acumulados que podem superar os 70 mm em algumas regiões. Já no Brasil Central, o tempo seco persiste, aumentando os riscos de incêndios e reforçando a preocupação com o atraso no início da safra.
Em contrapartida, as temperaturas seguem elevadas. Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul devem registrar máximas entre 38°C e 42°C nos próximos dias. “O calor intenso associado à baixa umidade do ar mantém condições adversas, exigindo cautela do produtor que arriscou iniciar o plantio após as primeiras chuvas de setembro”, alertou Bárbara.
A partir do dia 6 de outubro, uma frente fria mais intensa avança pelo Sul do país, derrubando as temperaturas. A máxima em algumas cidades do Rio Grande do Sul pode cair de 34°C para 15°C de um dia para o outro, com risco de temporais devido ao contraste térmico. Em áreas de maior altitude, como a Serra Gaúcha e Catarinense, não está descartada a ocorrência de geadas tardias.
De acordo com os modelos climáticos, a expectativa é de que o cenário mude apenas a partir da segunda quinzena de outubro. “As projeções indicam que entre os dias 15 e 17 devemos ver a formação do corredor de umidade, com chuvas mais regulares no Brasil Central, condição essencial para o avanço do plantio da soja”, explicou a meteorologista.
E o La Niña?
O NOAA confirmou o resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, mas Bárbara ressalta que ainda é cedo para afirmar a influência direta do La Niña no clima brasileiro. “Estamos observando um fenômeno em formação, de baixa intensidade e que pode se dissipar rapidamente. Por ora, a principal consequência é a tendência de chuvas abaixo da média no Sul do país, especialmente em dezembro, enquanto o Nordeste pode registrar volumes acima da normalidade.”
Enquanto isso, o produtor deve manter a cautela. “A recomendação é segurar a ansiedade. O plantio só será seguro quando tivermos uma regularidade maior das chuvas, o que deve acontecer apenas na segunda metade de outubro”, reforçou.