ESPECIAL: Escassez de bezerro e custos de produção devem manter preços firmes para o boi gordo em 2012
De acordo com Torres, a grande diferença em relação aos anos anteriores é que em 2011 o pecuarista não represou mercadoria: “se houvesse bom volume disponível, se o preço estivesse convidativo e se o produtor estivesse tendo lucro o gado era colocado a venda esse ano”, explica. Assim, em 2011 a especulação perdeu espaço para o fluxo da oferta de gado. “Só tivemos dois pontos de represamento durante o ano que foi na boca da seca, quando acaba o período de chuvas e outro quando o acabou a entrega de gado confinado no segundo semestre. Em 12 meses tivemos bolha de oferta que duraram 15/20 dias. Foi uma profissionalização do setor, foi bom para o pecuarista e para o frigorífico.”, afirma.
Para 2012, Torres garante que não há diferenças no cenário. “A gente tem a mesma fonte de escassez, ainda está faltando bezerro. No 1º semestre de 2011 tivemos um aumento do abate de fêmeas, o que é um paradoxo, pois o bezerro está valendo dinheiro”, avalia. Em 2011, os preços foram sustentados pelo menor volume de gado disponível e estes fundamentos devem ser vistos também no próximo ano. “A gente acredita em um cenário semelhante em 2012, não igual, mas semelhante.”
Outro fator que deve sustentar os preços no próximo ano são os custos de produção com farelos e insumos que devem permanecer em um patamar altista. Quanto à crise econômica mundial, Torres explica que “em 2008 tivemos uma crise que resultou em uma recessão global e a pecuária de corte sofreu bastante com isso. Hoje estamos diante de uma nova crise, agora na União Europeia, e se ela se confirmar teremos problemas no mercado internacional. No entanto, em 2011 o Brasil embarcou menos carne, mas faturou mais, em função da queda de volume.” Mesmo com a ameaça de retração no consumo mundial, Torres esclarece que o “maior publico da carne bovina brasileira é o mercado interno e isso de certa maneira deve funcionar como um colchão se a crise vier.”