ESPECIAL: Proximidade com o Mercosul e logística brasileira diminuem força do trigo brasileiro em 2011
Apesar da menor produção, a baixa liquidez atrapalhou a comercialização do trigo e desestimulou ainda mais o produtor que já sofria com as intempéries do clima. Segundo Turra, o Brasil produz algo em torno de 5 milhões de toneladas de trigo, mas consome o dobro. Mesmo com a menor oferta, os preços não esboçam reação, pois a proximidade com os países do Mercosul e problemas com a logística brasileira tiram a competitividade e diminuem a liquidez do trigo nacional. “No passado mais distante o nosso principal fornecedor era a argentina e hoje temos o Uruguai e o Paraguai e esses três países fazem divisa com os principais estados produtores do Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e pressionam muito os preços para baixo. A colheita na Argentina, mais ou menos coincide com a colheita no Brasil e os produtores argentinos direcionam sua produção para o Brasil de forma que deprimem os preços aqui.”, explica. Quanto à logística, Turra esclarece que o produtor brasileiro tem um custo de escoamento pelas rodovias muito elevado. “Não conseguimos atingir distâncias maiores que SP e RJ com preço competitivo com o trigo argentino.”
A competitividade com o cereal do Mercosul e os problemas internos já refletem em produtores de trigo que migram para outras culturas. "Nesse momento estamos visualizando que haverá uma redução na área plantada com trigo em regiões nas quais há a possibilidade de cultivo com milho de inverno. Essas regiões correspondem hoje a metade do plantio do trigo no Paraná, mas nas regiões onde o trigo é a única alternativa do inverno o produtor vai continuar produzindo, pois o trigo ajuda a reduzir os custos de produção do milho e soja no verão”, avalia Turra.
Para 2012, Turra afirma que “o setor produtivo brasileiro está trabalhando para que seja implementada uma política de médio e longo prazo que dê sustentação a produção de milho brasileiro a fim de que o produtor consiga produzir e também vender a safra. Já foram realizadas reuniões em Brasília, mas existe alguma resistência, pois as políticas dos países do Mercosul não podem entrar em confronto.”