DA REDAÇÃO: Cotações do milho devem permanecer elevadas em 2013

Publicado em 27/11/2012 12:45 e atualizado em 27/11/2012 16:52
Grãos: preços do milho tendem a ser manter firmes no mercado futuro e disponível a médio e longo prazo. Já a soja tenta encontrar um novo piso ao redor de US$ 14 por bushel, com isso a demanda retorna com força ao mercado. Questão climática na América do Sul ainda não foi precificada mercado.
Os preços do milho tendem a ser manter firmes no mercado futuro e disponível a médio e longo prazo, conforme explica o analista da Consultoria Agroeconômica, Carlos Cogo. A soja tenta encontrar um novo piso ao redor de US$ 14 por bushel, e nesse patamar a demanda retorna com força ao mercado. 

O analista sinaliza que o cenário climático na América do Sul tem pouca importância na conversa dos traders até agora. E há uma situação de completa mudança no padrão climático, existem regiões do Nordeste que apresentam problemas com déficit hídricos, no Centro-Oeste e na Argentina o plantio está atrasado.

“Tudo isso não foi devidamente precificado, o mercado climático não está devidamente instalado em Chicago, que está sendo orientado pela demanda. Quando opera próximo de US$ 14 por bushel os chineses voltam comprando para a próxima safra/13”, afirmou Cogo. 

Já em relação ao milho, o analista destaca que o Brasil tem abundância do grão e pode exportar grandes volumes. A expectativa é que as exportações do cereal somem 19 milhões de toneladas até o final do ano. Por outro lado, há os problemas logísticos atrapalham o escoamento da produção.

“Faltam Portos, existem casos de navios que atracam e não encontram o produto e internamente muitos setores ficam desabastecidos uma vez que o Governo não consegue deslocar o produto das regiões produtoras para os centros de consumos que sofrem com a escassez caso do Sul e Nordeste”, disse Cogo. 

E a tendência é que as cotações do milho tanto para a primeira safra como a segunda safra sejam remuneradores.  “Há uma avidez grande pelo produto brasileiro que já não está trás da oferta segunda safra, como também da primeira do RS e do PR. O movimento de exportação já está voltado para a 1º safra o que indica sustentação de preços já para o 1º trimestre de 2013”, acredita Cogo. 

Avisulat 2012

Na última quinta-feira (22), o analista Carlos Cogo participou da Avisulat 2012, e afirmou que os estoques de passagem mundiais de milho em toneladas em meados de 2013 deve ser abaixo de 120 milhões de toneladas. No final dos anos 90, esse número era de 200 milhões de t.

Com a quebra na produção norte-americana houve uma queda de mais de 10% nos estoques, e a reserva é de apenas 50 dias de consumo, nível de extremo risco. Um problema climático na América do Sul poderia baixar ainda mais esse nível para 40 ou 35 dias, segundo fala Cogo. 

Essa situação garante sustentação aos preços do milho no mercado futuro. As cotações do cereal já registraram uma elevação expressiva em junho/12 em função da seca, uma alta de 56%. Porém, os preços devolveram parte dessa alta e depois começaram a sinalizar nos contratos de março e maio/13 uma grande estabilidade ao redor de US$ 7,40 ou US$ 7,50.

“O que indica que o cereal já encontrou um piso que não conseguirá sair, até porque os norte-americanos irão utilizar 42% da safra para a produção de etanol. E há uma demanda importadora de outras origens muito forte, especialmente, pelo milho brasileiro”, relata o analista.  

Diferentemente, a soja segue com teor baixista a médio e longo prazo em decorrência do incremento de 32% na oferta sulamericana e alcançar uma produção de 151 milhões de toneladas. E esse cenário irá, efetivamente, começar a pressionar de forma mais intensa as cotações a partir do final do ano e início de 2013.

“Evidentemente se concretizando e não havendo uma quebra, temos hoje uma previsão de safra recorde. Que representaria 58% da oferta mundial em 2013 e seria o principal fator de pressão baixista para os preços no próximo ano”, afirma Cogo.

Ainda na visão do analista, com as cotações da oleaginosa no patamar de US$ 14 por bushel, a China volta ao mercado. E a estimativa inicial era de o país importasse 61 milhões de toneladas devido à desaceleração da economia, hoje o número é de 63 milhões de toneladas. 

Além disso, o analista diz que a demanda de carne suína na China cresce, assim como, o consumo da carne de frango. E essas duas carnes têm essência à demanda forte de rações a base de milho e de farelo de soja. 

“A China tem puxado a demanda e a estimativa é que o consumo de carne chegue a 55 kg por habitante, há dez anos esse consumo era de 42 kg/hab., então são 13 quilos a mais em dez anos em uma população de mais de 1 bilhão de  hab., aí está à explicação da fortaleza do crescimento de demanda de farelo de soja e milho por parte da China”, explana Cogo. 

Os setores da suinocultura, avicultura, leiteiro, e de carne bovina os custos devem permanecer elevados em 2013. Mas, o mercado mundial pode buscar o Brasil como principal abastecedor, e os EUA terão oferta menor de carne bovina.

“O Brasil tem abertura de novos mercados para a carne suína, Coreia, Japão, EUA, Alemanha, México, e com isso vamos ganhar em médio prazo 300 mil toneladas de mercado. O país ser líder absoluto de exportações e ano que vem devemos crescer novamente. 2013 será o ano do setor de carne do Brasil”, finalizou Cogo. 
Por: João Batista Olivi/ Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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