DA REDAÇÃO: Produção recorde de soja dos EUA na safra 2013/14 ainda seria insuficiente para atender demanda global, diz Severo
Segundo o consultor do SIMConsult, Liones Severo, os estoques de passagem da soja continuam em 3,4 milhões de toneladas, até o dia 31 de agosto, no entanto o país teria um déficit de 7 a 8 milhões de toneladas para o esmagamento do grão no mercado interno norte-americano, que permanece em ritmo aquecido. O país já teria comercializado inclusive o volume de produto destinado ao esmagamento, conforme destaca o consultor.
“Então os estoques dos EUA de soja não negativos, terão que importar de 6 a 8 milhões de toneladas até a chegada da safra nova. E não há grão disponível em outro lugar, uma vez que o Brasil já vendeu 40 milhões de toneladas de sua produção. Então, faltaria soja no segundo semestre para a indústria brasileira, mesmo com grande safra anunciada pela Conab, de 81,53 milhões de toneladas”, explica Severo.
Na visão do consultor, o Brasil só conseguiria alcançar o equilíbrio entre a demanda interna e externa com uma produção de 85 milhões de toneladas. “Mas não existe essa soja, provavelmente nem chegaremos a 80 milhões de toneladas. Ontem, tentei comprar um navio de soja no Brasil e tive que pagar um prêmio de US$ 0,80 cents por bushel acima do valor de Paranaguá, pois não tem mais soja para vender no país”, relata o consultor.
Atualmente, há 184 navios nomeados para embarcar soja em todos os portos brasileiros. De acordo com o consultor, o problema não é mais a logística do país, mas sim a demanda global aquecida pelo grão, frente a uma oferta ajustada. E a tendência é que a demanda permaneça firme no segundo semestre, tanto para a oleaginosa como para o milho.
“O cereal brasileiro está sendo muito bem vendido, imagino que cerca de 15 milhões de toneladas já foram vendidas. E por outro lado, a próxima safra da soja dos EUA foi estimada em 92 milhões de toneladas, mas não será suficiente para recompor os estoques e atender a procura mundial. Isso porque, o Brasil, a partir de agosto, não vai mais exportar soja e a demanda global irá para os EUA, como aconteceu no ano passado, e de setembro/13 a março/14 o país ficará sozinho para atender a demanda mundial”, explica.
O consultor ainda sinaliza que os preços do milho no segundo semestre deveriam permanecer em US$ 7,5 por bushel, uma vez que a demanda mundial é aquecida e a China não consegue plantar também devido às adversidades climáticas. “Hoje, estamos enfrentando um problema semelhante aos dos EUA, estamos falando dos números do USDA da safra velha, e as estatísticas apontam que a cada dez anos, as estimativas dos EUA estão erradas em dez anos”, finaliza Severo.