DA REDAÇÃO: Redução de imposto para importação de feijão não é bem vista por produtores
O Governo Federal reduziu de 10% para 0% o imposto de importação do feijão. A medida visa facilitar a compra do produto de outros países, já que a primeira safra o grão sofreu uma queda de 5,7% em função da seca na Bahia (BA) e do ataque de mosca branca em Minas Gerais (MG), Goiás (GO) e Distrito Federal (DF). Com essa medida o país deve adquirir cerca de 500 mil toneladas de feijão da China e dos EUA.
De acordo com o Ministro da Agricultura, Antônio Andrade, a safra será restabelecida a partir do plantio que se inicia em novembro, a partir daí o preço do feijão não deve subir mais porque a oferta será maior do que a procura.
No entanto, a medida do governo não foi bem vista pelos produtores, que alegam que o feijão será uma cultura de risco. “Essa medida vai sinalizar para o produtor não plantar porque os preços em janeiro e fevereiro estarão baixos”, afirma Eduardo Medeiros, Presidente do Sindicato Rural de Castro (PR).
Por outro lado, o analista de mercado, Marcelo Lüders, diz que a decisão o governo veio em boa hora e vai ajudar o produtor: “Essa medida é muito mais para mostrar que o governo está buscando fazer todo o possível para aumentar a disponibilidade de feijão no Brasil. O maior estímulo para o produtor é o preço que está sendo praticado agora e as perspectivas para o ano que vem. À medida que o produtor tem ciência de que o imposto a 0% para importação do feijão acaba no dia 30 de novembro, no dia 1 de dezembro o feijão colhido não terá nenhuma competição com o feijão importado, então o agricultor ficará mais tranquilo”.
Na próxima quinta-feira (27) o Ministro da Agricultura irá se reunir com os Secretários de Agricultura de GO, MG e DF para decidir o que será feito em relação ao vazio sanitário. Antônio Andrade acredita que o vazio deve ocorrer para todos e não apenas em duas regiões específicas.
Segundo o Coordenador da Assessoria Técnica da FAEMG, Pierre Vilela, para se falar da produção de feijão no Brasil daqui para frente é preciso resolver o problema do vazio sanitário em MG e no DF e também o risco de importação porque o feijão importado vai chegar ao país exatamente em um momento de decisão de plantio da próxima safra: “Esse momento de decisão de plantio pode ajudar o governo, teoricamente, a conter a inflação em curto prazo, mas pode provocar uma segunda inflação de feijão no verão do próximo ano. Essa medida tem que ser repensada para não só adiar o problema”.