DA REDAÇÃO: Sem referência do USDA, jornalista vai aos EUA e apura 60% da área de soja já colhida

Publicado em 14/10/2013 13:42 e atualizado em 14/10/2013 17:54
EUA: Colheita avança no Meio-Oeste e expectativa de quebra para os grãos deverá se confirmar. Repórter que esteve no Corn Belt apurou uma perda de 10% no potencial do milho americano e 5% na soja. A colheita da oleaginosa está 30% atrasada em relação à média, mas dentro do esperado. Números são menores do que as estimativas inicias, mas ainda indicam uma boa safra.

Com a paralisação do governo dos Estados Unidos em função do impasse sobre o aumento do teto da dívida fiscal do país, o mercado internacional de grãos está sem a referência oficial do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Assim, o coordenador de agronegócios do Grupo Paranaense de Comunicação, Giovani Ferreira, foi ao Corn Belt para conferir de perto a real situação da nova safra norte-americana. 

Segundo Ferreira, apesar de condições climáticas adversas em algumas regiões, a colheita nos Estados Unidos finalmente deslanchou e a os trabalhos de campo já estão concluído em, aproximadamente, 60% da área de soja e 40% da área de milho. "Isso está dentro da média dos últimos anos, mesmo estando atrasada em relação ao ano passado", disse. 

Além da colheita, o jornalista observou ainda que há contrastes entre os índices produtividades em importantes estados produtores e, apesar de já ser confirmado um registro de quebra sobre o potencial produtivo tanto da soja quanto do milho. "No milho, a estimativa de quebra é perto de 10% e na soja, de 5%. Os EUA têm condições de colher 345 milhões de toneladas de milho e 85 milhões de soja". Inicialmente, as estimativas para o cereal eram de acima de 360 milhões de toneladas e 90 milhões de soja. 

A produtividade, até mesmo em áreas vizinhas, chega a variar até 50%, chegando a 2 mil a 5 mil quilos de soja por hectare e de 5 mil a 12 mil para o milho. "É bastante variado essa range de produtividade", diz Ferreira. Ao leste do Corn Belt, em estados como Indiana e Illinois, o jornalista pôde perceber um bom potencial de recuperação para as lavouras de soja, o que não se repetiu na porção oeste do cinturão, onde estão localizados estados como Iowa, o principal produtor. 

Para Giovani Ferreira, as atuais expectativas para a produção de ambas as culturas é bem próxima do último boletim de oferta e demanda divulgado pelo USDA, em meados de setembro. São essas expectativas, de uma produção e produtividade menores, que pressionaram as cotações significativamente nas últimas semanas. "Nós acreditamos que o USDA conseguiu precificar a safra no relatório de setembro e quando voltar á ativa seus relatórios não deverão fugir muito da última estimativa. Nós conferimos isso a campo, entrevistando produtores, traders e técnicos em um roteiro de 2 mil km no Corn Belt", disse. 

Confirmando-se esses números, Ferreira acredita que o Brasil será, realmente, o maior produtor mundial de soja, com uma expectativa de cerca de 88 milhões de toneladas a serem produzidas na temporada 2013/14. "O Brasil não só se estruturou para ser o maior produtor e exportador, como fidelizou esse mercado internacional para a soja, e é uma posição que dificilmente será tirada do Brasil", acredita o jornalista.

Ao mesmo tempo, porém, a produção brasileira de milho está bem distante das 345 milhões de toneladas norte-americanas. Assim, os EUA voltam ao mercado internacional e retomam parte do mercado de exportações, o que foi perdido no ano passado, quando sofreu uma severa quebra em função da estiagem. 

Apesar dessas boas expectativas, porém, o mercado, na opinião de Ferreira, deverá retomar uma tendência de alta dada a situação apertada dos estoques mundiais. "Os EUA colhem mas não vendem. Pelo que conseguimos apurar, nem 20% da safra de soja está vendida, apesar de metade da área estar colhida. O produtor está tirando a safra do campo e levando para o armazém, não levando para o mercado (...) e eu acredito que vai ter subir para o produtor tirar essa soja do armazém. E esse vai ser um bom momento para o produtor brasileiro realizar mais uma parte da sua produção no mercado futuro", diz. 

Por: João Batista e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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