DA REDAÇÃO: Presidente de moinho se posiciona contrário à liberação da TEC do trigo
Há uma previsão de uma grande safra de trigo (7,5 milhões de tonelada) para este ano, mesmo com o atraso nos plantios devido às fortes chuvas que atingiram os estados da região Sul do país. No mercado internacional, os preços da mercadoria caem sistematicamente, devido à grande oferta no mundo. A CBOT (Bolsa de Valores de Chicago) registrou nesta segunda-feira (23) U$ 5,84 o buschel, embora o valor já atingiu próximo de US$ 8 o buschel.
Com a informação, na sexta-feira passada, de que o governo deverá liberar a TEC (taxa de 10%) para a importação do produto estrangeiro, os moinhos deverão buscar o trigo internacional, que estará mais barato, em detrimento do grão produzido no país. Com grande safra e boa qualidade, a tendência é que os produtores cheguem a ter prejuízo com suas produções.
Para Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, não há necessidade da retirada da TEC. “Se o momento retirar a TEC neste momento será um duro golpe para o produtor. O que eu acho um pouco curioso é que o governo estimula a produção do trigo nacional e quando o produtor vai comercializar esse produto , ele (governo) autoriza a isenção de TEC, o produtor ficará novamente com o trigo e terá dificuldade em comercializá-lo”, falou Pih.
A posição do presidente de um dos maiores moinhos do país causou surpresa em muitos produtores. “Se o governo desestimula a produção do trigo nacional, eventualmente, vai ficar mais caro para os moinhos porque nós precisamos do trigo. Para nós, há necessidade tanto do trigo importado quando do nacional. Agora, não é justo o governo estimular a produção e depois puxar o tapete do produtor”, esclareceu ele.
O trigo no mercado mundial vem caindo sistematicamente, sendo que somente o norte-americano já caiu U$ 60 desde o seu ponto mais alto durante o ano. O câmbio do dólar frente ao real é de R$ 2,22. “Quando o produtor for vender sua produção, ela estará abaixo do preço mínimo e aí vai ser um caos novamente. Eu não entendo a política do governo. O produtor tem de ser estimulado e o governo toma medidas totalmente fora de contexto nesse momento”.
A liberação da TEC, segundo Pih, deveria acontecer em um momento de falta do produto no mercado nacional, que é uma realidade que não se aplica ao cenário atual. Para ele, o governo nunca deve utilizar o produtor como um instrumento de combate à inflação. O que importa aos governantes é estimular a produção e dar condições para que o produtor sustente a produção ano após ano.