DA REDAÇÃO: Aplicar a área de refúgio corretamente é fundamental para manutenção da tecnologia e combate às pragas

Publicado em 25/06/2014 13:43 e atualizado em 25/06/2014 17:55
Refúgio: Para a ciência a recomendação é de área de 20% da lavoura para milho e 50% para soja. Milho Bt é utilizado desde 2008 no país praticamente sem refugio. Além da perda na tecnologia, as pragas estão desenvolvendo novas resistencias. A ameaça maior é para o MIP, manejo integrado de pragas, que pode perder a função.

A aplicação das áreas de refúgios no Brasil para as plantações BT de milho, soja e algodão vem ficando aquém da esperada e, como consequência dessa atitude, a resistência às pragas e a perda das novas tecnologias estão se acentuando. Para combater essa realidade, pesquisadores, governo, empresas que detêm a tecnologia e produtores discutiram, na semana passada, qual a porcentagem ideal para que cada uma dessas culturas adote. Entretanto, não se chegou a um acordo. 

A ideia é implantar no Brasil medidas semelhantes a adotadas na Austrália, que foram bem sucedidas. Para Simone Martins Mendes, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, mais importante do que definir o tamanho do refúgio em relação à plantação é entender qual a finalidade da medida e aplicá-la corretamente. “Nós estamos plantando o milho transgênico (BT) desde a safra de 2008/2009 e vemos que os níveis de adoção do refúgio é muito baixo e a não adoção do refúgio tem levado a algumas consequências”, disse Simone. 

A pesquisadora explicou que o refúgio - a plantação da cultura convencional - tem de ser feita em uma área que possibilite a existência de indivíduos suscetíveis à tecnologia e que essa área esteja em uma distância não maior que 800 metros da plantação BT, para que os indivíduos (pragas) se acasalem e assim se mantenha a suscetibilidade na lavoura. Outra questão lembrada por ela é a da pulverização dessas áreas, que pode eliminar os indivíduos suscetíveis de acasalamento.

No caso do milho, em alguns países como os Estados Unidos, o tamanho da área de refúgio aplicada chega a 20% do total cultivado, valor que é sugerido também para o Brasil, onde a recomendação era de 10%. Já, para a soja a recomendação é de 50%. 

De acordo com a pesquisadora, toda vez que se faz o cultivo de uma plantação com a tecnologia BT em uma mesma área seleciona-se indivíduos resistentes. “É a mesma coisa de quando se tem uma dor de garganta e se usa o mesmo antibiótico para combatê-la. Daqui a pouco, esse remédio não vai funcionar mais”, exemplificou. “Quanto mais se usar o mesmo inseticida, com os mesmos princípios ativos, para o combate à praga na mesma área, mais vão se criar indivíduos resistentes a esse produto”, completou Simone. 

A ferramenta que se tem hoje para não perder o controle é o manejo integrado de pragas, que é o uso integrado das tecnologias de controle. “Vamos ter de usar todas as ferramentas que temos disponíveis de uma forma inteligente, para vencer essa batalha ou pelo menos levá-la por mais tempo”, concluiu a pesquisadora.

 

Por: João Batista Olivi // Fernando Pratti
Fonte: Notícias Agrícolas

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