DA REDAÇÃO: lavouras de café em estado crítico podem prejudicar produção nacional de 2014 a 2017

Publicado em 08/08/2014 13:33 e atualizado em 08/08/2014 14:14
Café: Situação dos cafezais de Minas Gerais é preocupante. Problemas causados pela estiagem devem impactar também na safra 2016/2017. Pesquisadores não sabem o que pode acontecer com essas lavouras, pois não há resultados experimentais que demonstrem algo parecido.

Já é fato que as incertezas quanto ao volume da safra brasileira deste ano aflijam o mercado e preocupem todos os envolvidos neste meio, mas no momento, os olhares se voltam também para a safra dos próximos dois anos, já que, por ser uma cultura perene, as lavouras de café devem ter produção prejudicada pelo grande estresse hídrico, estão depauperadas, algumas com doenças...

“Tudo de ruim que se pode imaginar na cafeicultura do Brasil e da América Central está ocorrendo em 2014 e acontecerá também nos próximos dois anos”, essa é a conclusão do agrônomo  e ex-professor de Fisiologia da Universidade Federal de Viçosa  , Prof. Alemar Braga Rena, após longa conversa sobre as perspectivas para a produção nacional. 

Depois de avaliar o cenário de sua própria fazenda, ele está estarrecido com a conjuntura em que se encontram as lavouras mais antigas. “A situação está bem pior do que eu imaginava. Minhas plantações estavam lindas e agora perderam folhas, estão em estado alarmante”. O Prof. Rena ainda explicou que em fins  de fevereiro, quando seus cafezais ainda estavam intactos, foi a convite da COOXUPÉ , para realizar uma palestra em Guaxupé e andou pelas regiões do Sul de Minas Gerais, e lá já havia encontrado cultivos em estado precário devido à forte estiagem do início do ano, além do excesso de radiação e déficit de vapor no ar. “Se naquela época os plantios estavam assim, enquanto a minha fazenda estava ótima, agora, que detecto problemas em minha propriedade, imagine como estão as outras”, indicou ele e reiterou que “a recuperação dessas plantações jamais será completa”.

Todos os prognósticos e observações que o Prof. Rena alertou na palestra em 28 de fevereiro, segundo ele, infelizmente se realizaram com maior evidência para a safra em andamento.

Para a próxima safra , além dessas percepções, o agrônomo pôde notar em suas análises que as plantas que produziram 6 ou mais litros estão 90% desfolhadas e não têm nem sinal de gemas em desenvolvimento, caso apareçam, será tardiamente e as flores só vingarão a partir de dezembro, “ou seja não vão produzir nada”, disse ele. 

Outros dois cenários atípicos que geram preocupação para o fisiologista são as diversas ramificações secundárias que estão aparecendo nas plantações. Elas produzem ao invés de flores, gemas vegetativas e não vão dar café. Além disso, a incidência de ferrugem tardia é grande por conta das altas temperaturas deste ano e tem atormentado produtores.  

Diante desse panorama, Rena diz que “a produção 2015 vai depender da quantidade de lavouras irrigadas que temos e de plantações que foram podadas há 2 anos e estão em melhores condições para produzir”, mas em sua opinião a qualidade será afetada e a safra será inferior a deste ano que ele prevê em cerca de 40 milhões de sacas de 60 quilos. 

Há ainda a questão dos próximos anos, pois para o agrônomo, “se houver qualquer fenômeno desfavorável no clima, a produção 2016/2017 também será seriamente afetada”.

Por: João Batista Olivi e Talita Benegra

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