DA REDAÇÃO: Para consultor, demanda deve ditar preços para mercado de grãos

Publicado em 25/08/2014 14:17 e atualizado em 26/08/2014 10:18
Soja: Mercado brasileiro segue descolado de Chicago, sendo favorecido principalmente pelos altos prêmios pagos nos portos, reflexo do consumo elevado. Saca ainda é negociada na casa dos R$ 67,00 para produto disponível. Orientação ao produtor nesse momento é a fixação dos prêmios. Para consultor, escassez é reflexo de uma demanda mal avaliada.

O mercado de soja brasileiro está descolado do andamento dos preços na Bolsa de Chicago. Os altos prêmios pagos nos portos brasileiros têm sido o principal fator de estímulo e suporte às cotações no Brasil, onde a saca da soja disponível ainda é negociada na casa dos R$ 67,00 no porto de Rio Grande, por exemplo, segundo explicou o consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult. 

Os produtores brasileiros estão obtendo cerca de U$ 2,50 acima dos valores da bolsa americana, reflexo de uma demanda cada vez mais crescente. Assim, uma indicação do consultor, nesse momento, é a fixação dos prêmios.

"A orientação agora é fixar o prêmio e vamos fazer esse ano um fluxo de produto independente do fluxo comercial, ou seja, estabelecer a saída do produto através do prêmio, que é um contrato e tem entrega definida e depois vamos definir o preço", explica Severo. 

Para Severo, a escassez de soja que se enfrenta agora é fruto de uma má avaliação da demanda mundial, o que também reflete em prêmios mais altos não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos. "O mercado norte-americano negociou valores com US$ 92,00 por tonelada acima de Chicago e isso significa que os EUA também não têm mais soja e que os produtores já venderam até o estoque que o USDA diz existir". 

Ainda no cenário brasileiro, muitas empresas esmagadoras seguem em ritmos lentos, que para Severo, é reflexo da falta de política de exportação de farelo a longo prazo. 

Apesar disso, afirma ainda que preços melhores estão por vir diante da necessidade global da soja, que é uma das mais importantes commodities no cenário mundial, e que há cerca de três anos o mercado caminha descolado dos valores da bolsa americana, refletindo a demanda mundial, e não só o crescimento da oferta a cada nova temporada. 

"Não tem nenhum motivo no mundo (para os preços não subirem), diante da medida do consumo mundial, que consome 200 milhões de toneladas de soja. A cada dia o mercado de consumo tem que ter nos portos brasileiros, argentinos ou americanos, quatorze navios carregados de soja ou farelo de soja. Para eles não importa o preço, importa o produto.”, explica o consultor.

Para Severo, o momento de falta de produto é a oportunidade para os produtores negociarem a soja remanescente.  Além disso, os preços deverão voltar a melhores patamares no ano que vem, tanto nos portos brasileiros, quanto em Chicago. “Quando voltar a fluir novamente, Chicago volta a ter representatividade e os preços deverão se recompor. Não digo nos mesmos valores, mas talvez até muito próximo dos maiores valores que tivemos esse ano",  acredita Severo.

Milho - Para o milho, o consultor explica que os preços no Brasil estão atrelados à grande produtividade da safra americana, que tem sido o principal fator de pressão para os futuros do grão na Bolsa de Chicago, que também é referência para as cotações brasileiras. 

Porém, a oferta brasileira chama atenção do mercado internacional e deve ter preços melhores a partir de setembro. Por outro lado, o consultor mostra ainda que o mercado brasileiro está ligado ao norte-americano e esse ano os EUA enfrentaram problemas em relação à rejeição do DDG por parte da China, que consequentemente resultou em volume maior de produto no país e pressionou os preços. “Mas temos o Brasil com grande potencial de exportar o milho e os EUA não têm muita logística para embarcar milho, já que a logística está esgotada até o princípio de janeiro e o milho brasileiro terá um lugar importante a partir de setembro”, ressalta Severo.

 

Por: João Batista Olivi // Sandy Quintans
Fonte: Notícias Agrícolas

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