Trigo tem comercialização travada com dificuldade dos compradores em armazenar novas aquisições

A comercialização de trigo no mercado interno passa por um período ruim devido a dificuldade dos compradores de armazenarem as safras já compradas. A moagem no mês de dezembro foi menor do que se esperava por causa das frustrações nas vendas nas festas de fim de ano e, principalmente, pelo calor excessivo que faz com que o consumo de massas e seus derivados seja reduzido.

De acordo com João Donizeti Garcia, a prioridade é arrumar lugar para armazenar o trigo que já foi adquirido. “Nós estamos administrando situações de trigo comercializado ainda no mês de dezembro, que não foram embarcados até agora. O vendedor, que precisa desocupar o armazém em função do início da safra de verão aliado a indústria moageira, que tenta administrar sua logística para acomodar o trigo já comprado, faz com que reduza a possibilidade de novos negócios no momento.”

A consequência dessa situação é queda no preço. “Os bons trigos que estão no Paraná partiram de R$ 600 a tonelada. Os negócios que vem sendo feitos, tem saído por volta de R$ 580 por tonelada. É uma redução significativa”, disse João Donizeti Garcia. Porém, mesmo assim o produtor é remunerado já que o preço mínimo é de R$ 557.

A previsão é que, passado esse problema logístico de armazenamento, o preço do trigo durante esse ano fique no patamar em que se encontra agora, com tendência a uma leve alta. “Salvo mudanças drásticas na economia mundial não há previsão de queda de preço. Até porque, mesmo tendo bastante oferta de trigo no mercado externo (Estados Unidos, Canadá e Austrália), os custos do transporte são muito significativos pelo fato do trigo ser um grão in natura”.

A expectativa para a próxima safra é que ela tenha uma área de plantação semelhante a desse ano no estado no Paraná. Já no estado do Rio Grande do Sul, a situação é de incerteza por causa da perda em torno de 50% da safra desse ano causada por muitas chuvas. “Pelos números oficiais do governo era pra eles terem produzido três milhões de toneladas de trigo, mas só conseguiram produzir 1,5 milhão. O detalhe é que só 500 mil toneladas são de trigo de qualidade, o resto é praticamente trigo para ração. Se eles não tiverem um apoio decisivo do governo, a próxima safra passa a ser uma loteria”.