EXCLUSIVO: Agronegócio brasileiro pode crescer com demanda mundial por alimentos firme e aquecida

Publicado em 04/05/2010 15:22 e atualizado em 05/05/2010 09:07
Uma das palestras de abertura da Enipec 2010 teve como tema o mercado internacional de carnes, principalmente para a carne brasileira, sob o comando de Guilherme Bellotti, analista econômico do Banco Rabobank. Dentro desse cenário, três variáveis foram abordadas: o consumo global de carnes, o ambiente de produção e as implicações disso para o Brasil.
 
Segundo Belotti, o consumo de carnes se dá por conta de alguns fatores como a renda dos consumidores, o crescimento populacional e, paralelamente, os costumes religiosos e culturais dos países. Os adeptos da religião mulçumana, por exemplo, não consomem suínos e os hinduístas cultuam a vaca e por isso não comem carne bovina.
 
Os crescimentos econômico e populacional de países emergentes agem como catalisadores para o consumo de carne, uma vez que junto com o crescimento do país, aumenta também o poder de aquisição das pessoas. “Os países com mais baixa renda têm mais sensibilidade a alterações do nível de renda, indicando que a medida que a renda desses países aumenta, o consumo de carne. E é exatamente nesses países que a economia tende a crescer mais”, afirma o analista. Em contrapartida, as condições ambientais, independentes do nível de renda dos consumidores, também afeta o consumo de carne. Isso acontece em países como o Japão, onde a abundância de pescado fez com que o consumo de carne bovina não tivesse tanta expressão.

Além dos países emergentes, a perspectivas para países desenvolvidos – mesmo após o impacto de uma séria crise financeira também é de crescimento. No entanto, índices de crescimento menores do que as nações emergentes, mas que ainda assim colaboram para o cenário global positivo para o consumo de carnes.

Paralelamente ao aumento do nível de renda, o aumento populacional também deve contribuir para o setor, já que somente na Ásia, a estimativa é de um crescimento de 20% da população. “O aumento de renda projetado, o crescimento da população e a migração da população rural para a área urbana se traduz em um aumento do consumo de carne. A previsão é que entre 2010 e 2030, esse aumento seja de 30%”, diz o representa do banco comercial Rabobank. O incremento mais expressivo deve ser no consumo da carne de frango.

Brasil

As taxas de crescimento de consumo de carne no Brasil deves ser inferiores se comparadas a países como China, Indonésia e Índia. No país, o consumo de suínos deve ser o que pode crescer mais expressivamente, sem superar, entretanto, o consumo de carne de boi ou frango.

Além disso, segundo Bellotti, o Brasil agrega características de produção e mercado para se consolidar como o maior exportado de carne bovina do mundo. O setor industrial, de frigoríficos, também apresenta tendências de crescimento e consolidação.

Comercialização

As reduções das barreiras tarifárias e o aumento das barreiras técnicas devem ser as primeiras mudanças vistas no cenário mundial de consumo e comercialização de carnes, que já estão acontecendo. A exemplo dessas barreiras técnicas, os produtores serão muito questionados quanto as questões de condições de trabalho e quanto ao impacto ambiental de sua produção.

A alta volatilidade das commodities agrícolas que é esperada daqui em diante também deve influenciar na agropecuária ainda mais. “Os grãos que tendem à volatilidade que se iniciou nos últimos anos tende a permanecer e isso, consequentemente, tende a pressionar os custos de produção, gerando uma necessidade cada vez maior de um gerenciamento de risco indicando que o produtor deverá ser mais eficiente”, explica o analista. A tendência, portanto, é que os produtores analisem e adotem mecanismos de proteção ao risco mais intensamente. Os avicultores e suinocultores devem ser os mais atingidos por esse aumento da volatilidade das commodities.

Produção

Segundo o analista, o Brasil tem todas as características para ser um grande player no mercado de carnes bovina, suína e de frango. A competitividade na produção de grãos é um fator que contribui para essa boa perspectiva em relação ao país. Pois como a produção é mais barata, os pecuaristas têm acesso a ração a preços melhores em relação aos outros países.

Fonte: Redação NA

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