Grãos: CBOT espera números do USDA; mas no Brasil, dólar e prêmios ainda são principais direcionadores das cotações

Publicado em 31/03/2015 10:24
Grãos: Números do USDA podem trazer aumento da área de soja e redução para o milho nos EUA na safra 2015/16 e nova configuração dos preços em Chicago pode pesar sobre as cotações no Brasil. Por hora, principais fatores de direção do mercado interno têm sido o dólar valorizado, os prêmios positivos e as boas exportações nacionais. Produtor deve aproveitar oportunidades de comercialização.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga nesta terça-feira (31) as projeções de área a ser plantada na safra 2015/2016 e o relatório trimestral de estoques americano.

Para o consultor, Flávio França Jr, o relatório tem maior importância neste ano "porque no relatório de abertura o USDA apontou que a área milho e trigo serão menores”, ressalta.

No caso do relatório de estoques trimestrais, a expectativa é que o volume seja maior do que no ano passado, então "a questão é realmente só qual será o tamanho nesse aumento em relação ao ano passado", afirma o consultor.

França explica que a soja em Chicago vem trabalhando na casa dos U$ 9,60/bushel, com grande resistência aos U$ 10,00/bushel. Sendo assim, os preços no mercado interno tem sofrido pouca interferência sobre as cotações internacionais.

"Se os números vierem dentro do intervalo esperado o mercado pode ser neutro, porque nas últimas semanas ele já absorveu a ideia que a área de soja vem maior e a de milho e trigo vem menor. Se for fora disso - para cima ou para baixo - haverá impacto do preço em Chicago e inevitavelmente isso vem para os nosso preço doméstico", considera.

Os analistas esperam um aumento na área de soja de aproximadamente 900 mil hectares. No milho redução de 500 a 600 mil hectares e, no trigo de primavera também um queda de 400 a 500 mil hectares.

Para ele, no próximo mês os dados sobre a safra da América do Sul, já não devem surtir efeito sobre o mercado - salvo a Argentina que ainda está no inicio da sua colheita - então, os dados da safra norte americana (relatório do USDA março e junho) e o clima nos Estados Unidos são os fatores dos quais os produtores devem ficar atentos.

Além disso, a demanda dos EUA "também é uma variável importante, já que a demanda vem desacelerando e sendo transferida para a América do Sul", além da variação cambial no mercado interno são outros fatores que podem influenciar na cotações em Chicago afirma França.

Com esse cenário, a demanda se voltando ao produto brasileiro tem colaborado para bons prêmios nos portos. Em Paranaguá, o prêmio está na casa dos 45 cents positivo.

"No tripé de formação de preços no mercado interno temos Chicago abaixo da média, o câmbio melhor que o ano passado, e prêmio positivo", lembra o consultor.

Além do mais, França explica que esses fundamentos também se aplicam as cotações do milho e é "importante que cooperativas, indústrias e produtores tenham atenção a esse bom momento do milho no mercado interno e internacional", com isso haveria regulação dos estoques no mercado interno, completa.

Segundo França, para que o milho brasileiro se torne competitivo no mercado internacional é preciso elevar a qualidade e manter a regularidade de produção.

 

 

 

Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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