Ano de 2025 para o cacau é marcado por redução nos preços e expectativa de superávit
Após um 2024 marcado por uma volatilidade sem precedentes, com a tonelada do cacau atingindo US$12.000, o mercado encerra 2025 em um movimento de ajuste, cotado entre US$5.700 e US$5.800. Segundo Anna Paula Losi, presidente da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), essa correção não sinaliza necessariamente uma regularização da oferta, mas sim uma resposta à considerável redução na demanda global. A indústria, incapaz de repassar integralmente os custos ao consumidor final, viu o consumo cair diante dos preços elevados.
No cenário doméstico, os desafios foram intensos. A moagem brasileira registrou queda de 15% nos primeiros nove meses do ano, e o recebimento de amêndoas em 2025 deve espelhar os volumes retraídos de 2024, próximos de 175 mil toneladas. O setor também enfrentou obstáculos comerciais, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos, que só caíram em novembro, impactando as exportações de manteiga de cacau.
Apesar do cenário complexo, as perspectivas para 2026 são de otimismo cauteloso. A expectativa é de uma safra melhor, impulsionada não apenas pela recuperação das áreas tradicionais, mas pela entrada de novas fronteiras agrícolas, como o Cerrado baiano, além de áreas experimentais em São Paulo e Minas Gerais. "A melhor forma de nos tornarmos competitivos globalmente é retomar a autossuficiência na produção de cacau", destaca Losi, apontando que o aumento da produção interna é crucial para reduzir custos, abrir novos mercados e diminuir a dependência da importação.