EUA podem deixar de utilizar 20 milhões de toneladas de milho para produção de etanol em meio às paralisações da COVID-19

Publicado em 14/04/2020 11:07 e atualizado em 14/04/2020 11:53
Cerca de 25% das usinas de etanol americanas estão com algum tipo de paralisação neste momento e analista da ARC Mercosul enxerga milho com tendência de queda mais forte do que as demais commodities
Cristiano Palavro - Analista de Mercado da ARC Mercosul

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EUA podem deixar de utilizar 20 milhões de toneladas de milho para produção de etanol em meio às paralizações da COVID-19

 

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O milho vem sendo uma das commodities mais afetadas pela crise gerada com a COVID-19 e também pela queda nos preços internacionais do petróleo. Diante deste cenário, cerca de 25% das usinas de etanol de milho dos Estados Unidos estão com algum tipo de paralização, seja total ou com operações mais lentas.

De acordo com o analista de mercado da ARC Mercosul, Cristiano Palavro, a manutenção e expansão das paralizações são esperadas, pelo menos, até o da 1ª de maio, e até lá, serão 35% das usinas impactadas pela queda na demanda do biocombustível, que é responsável por absorver 40% da produção de milho nacional.

A situação pode levar à perda de demanda por 20 milhões de toneladas de milho nos Estados Unidos e o aumento dos estoques do país, já que as plantas não devem continuar processando etanol com prejuízos que se agravam a cada semana de paralização.

Os reflexos dessa situação para o mercado internacional deve ser uma migração partes dos hectares destinados ao plantio do milho para a soja nesta próxima safra americana e na manutenção da tendência de baixa para as cotações do milho na Bolsa de Chicago (CBOT), com um suporte mais negativo em longo prazo do que as outras commodities, segundo Palavro.

No Brasil, apesar dos reflexos dessa situação e das preocupações com a diminuição no ritmo das usinas de etanol por aqui também, o analista identifica um cenário bastante diferente. O país segue com estoques enxutos e com consumo aquecido, inclusive ampliando os índices importados de países vizinhos como o Paraguai.

Palavro aponta que este é mais um componente para o produtor brasileiro ficar atento enquanto segue travando grandes volumes para esta safrinha que está nos campos e se desenha como de alta produção.

Sendo assim, a recomendação ao produtores é que aproveitem momentos de preços altos e dólar valorizado ante ao real para realizar travamentos e garantir suas margens, com as exportações que devem retomar folego no segundo semestre após a colheita da segunda safra.

Confira a entrevista completo com o analista de mercado da ARC Mercosul no vídeo.

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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