Importação de milho GMO dos EUA não compensa para setor de proteína animal

Publicado em 21/06/2021 14:05 e atualizado em 21/06/2021 15:01
Marcos Araújo, analista da Agrinvest, explica que milho argentino é mais competitivo e existe tendência de quedas nas cotações para o produto brasileiro
Marcos Araújo - Analista da Agrinvest

Podcast

Entrevista com Marcos Araújo - Analista da Agrinvest sobre o Impactos da importação do milho GMO dos EUA

 

Download

Apesar de a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ter aprovado a importação de uma variedade específica de milho geneticamente modificado vinda dos Estados Unidos como medida de amparo ao setor de proteína animal, que atualmente sofre com os altos preços do insumo, de acordo com Marcos Araújo, analista da Agrinvest, a aprovação veio ctarde demais.

+ Importação de milho transgênico dos EUA está liberada a partir de 1º de julho

+ Abramilho se posiciona sobre liberação de importação de milho GMO dos Estados Unidos

"Essa liberação veio atrasada, mas é uma medida importante para o país para ter essa relação de troca. Entretanto, um milho vindo dos Estados Unidos hoje para chegar em Chapecó (SC), contando despesas logísticas, chega a um preço de R$ 105,49/saca de 60kg, enquanto um milho vindo da Argentina chega ao mesmo local com o valor de R$ 86,24/saca", disse. A título de comparação, uma saca de milho brasileiro em Palma Sola (oeste de Santa Catarina), é cotada hpoje (21) a R$ 81,00/saca.

Sendo assim, de acordo com Araújo, a importação do cereal dos Estados Unidos não é viável, principalmente para a região Sul do Brasil, onde se concentra a produção de aves e suínos. "Talvez compense para os Estados do Norte e Nodeste do país", devido a questões logísticas. 

Além disso, o Brasil começa agora a colheita da segunda safra de milho, e mesmo com perspectiva de quebra em várias regiões produtoras devido a condições climáticas, é possível que haja pressão de baixa nos preços do cereal nacional. 

Como indicativo deste espaço de baixas, Araújo cita a diferença entre as cotações do milho setembro/21 no porto, que hoje vale R$ 73,00 a saca e na Bolsa Brasileira (B3) que gira ao redor dos R$ 84,00, portanto permitindo ainda uma queda de R$ 10,00 a saca nos futuros.

Nova Possibilidade ao Produtor Brasileiro

Essa liberação de importação pode abrir a porta a liberação da produção desta variedade pelos próprios produtores brasileiros, assim como adiantou o presidente da Abramilho, Cesário Ramalho, em entrevista ao Notícias Agrícolas na semana passada, e criar abertura para a exportação para a China.

+ Abramilho estimula produção no Nordeste com objetivo de atingir 5 milhões de toneladas em pouco tempo

“Já que a CTNBio está aprovando a importação, é natural também que se aprove o plantio dessas variedades. Nós temos hoje várias trades chinesas já com filias atuando na originação direta do grão do produtor rural brasileiro e essa questão da decisão de importação do milho brasileiro é muito mais dependente de uma canetada do governo chines do que do brasileiro”, explica o analista.

Por: Guilherme Dorigatti e Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Mesmo com leves recuos nesta 6ªfeira, milho fecha a semana subindo até 1,9% na B3
StoneX: Clima será fator decisivo para o milho paraguaio
Abramilho se torna Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo
Radar Investimentos: Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu sua estimativa para a produção de milho na Argentina
Preço do milho segue em alta na Bolsa de Chicago nesta sexta-feira (03)