Produtores do Paraná começam a receber a conta do seguro de milho safrinha que deveria ser paga pelo Governo Federal

Publicado em 19/06/2015 14:24
Produtores do Paraná começam a receber a conta do seguro de milho safrinha que deveria ser paga pelo Governo Federal

Os produtores do Paraná começaram a receber os boletos com a conta para pagar, que era de responsabilidade do governo federal a subvenção desses valores. A boa participação do governo nos últimos dez anos, perante a safrinha e outras culturas de inverno, deixou os produtores assustados e em situação de risco.
 
Segundo o economista da FAEP, Pedro Loyola, o seguro do milho safrinha foi contratado entre janeiro e abril deste ano e os agricultores receberam a notícia de que o governo adotou uma medida inesperada, investindo o valor de R$ 90 milhões na cultura do trigo e nada para o milho safrinha.
 
“As entidades pressionaram o governo, na tentativa de sensibilizar o secretário de política agrícola desse equívoco do esquecimento, mas não tivemos hesito e o boleto está chegando e outros vão ter isso debitado automaticamente da conta”.
 
Loyola explica que todo o prêmio arrecadado dos produtores, forma um fundo onde as seguradoras usam quando há necessidade de pagar um produtor que acionou o sinistro, chama-se de conceito de fundo de mutualidade. No Brasil, a média é de 16,2% em cima da importância assegurada.
 
Diante desse cenário, o produtor encontra-se em um empasse. Caso decida não pagar este boleto, perderá a apólice. Corre o risco de prejuízos causados na lavoura pelo clima.
 
“A decisão de cancelar pode partir do produtor, mas não são todos que podem decidir isso. O grande problema no caso do cancelamento de seguro são aquelas apólices que o produtor colocou como garantia em um contrato de custeio junto a algum agente financeiro. O produtor foi no banco e o gerente exigiu dele para liberar o custeio, algum instrumento de seguro agrícola. Se esse produtor contratou aliado ao custeio, dificilmente irá conseguir cancelar isso”, explica o economista.
 
Contrariamente, no ano passado o governo investiu R$ 72 milhões no milho safrinha e essa falta de investimento na safra atual está causando impacto na cadeia produtiva do seguro agrícola.
 
“Isso não afeta só o produtor, mas também o corretor que batalhou para vender o seguro e o produtor se vê obrigado a cancelar, porque não tem recurso para pagar a apólice. Aquela taxa de corretagem que o corretor teria direito pelo trabalho, também é cancelada. Em 2013 tivemos mais de 100 mil apólices no seguro rural, então é um mercado que está crescendo e está com 10 seguradoras, o governo federal precisa entender isso”, desabafa Loyola.
 
Segundo o economista, este ano foram vendidas 5 mil apólices, cerca de R$ 58 milhões de vendas de seguro. “Já tivemos valores maiores em anos anteriores, mas devido à crise, sabíamos que haveria uma redução neste recurso em cerca de 30%, mas não imaginávamos que não teríamos nada”.
 
Com isso, se o produtor rural optar por não pagar o boleto, pode ser que ele não receba os 40% já pagos anteriormente. “Como os produtores contrataram em janeiro, fevereiro e março, já se passou mais de três meses. Esses 40% que os produtores pagaram não vai ser devolvido. Há casos que se o produtor fez a apólice em janeiro, se for cancelar agora por essa tabela, ele não pagaria só os 40%, como também um adicional de 10% a 20%”, revela o economista.
 
Segundo Loyola, o momento é desesperador, mas é preciso cautela. É necessário que os produtores da cultura do milho safrinha neste momento, consultem um assessor técnico ou um agrônomo para saber qual a melhor decisão. “Ainda desejamos uma sensibilização por parte da ministra da agricultura, Kátia Abreu.”

 

Por: Aleksander Horta//Nandra Bites

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