Em Uruçuí (PI), lavouras de soja morrem com tempo seco e perdas podem ficar acima dos 60%

Publicado em 01/03/2016 11:01
Plantas adiantaram em um mês o ciclo de desenvolvimento na região. Perdas são elevadas e podem superar os 60% em algumas áreas. Produtores acreditam que, além do clima irregular, lavouras podem ter sido afetadas pela macrophomina (podridão das raízes). Chuvas ainda podem recuperar parte do potencial produtivo das lavouras semeadas em janeiro/16.

O clima continua castigando a produção de soja no estado do Piauí. Após as preocupações no início da semeadura do grão, o tempo voltou a ficar seco e, em fevereiro a região de Uruçuí recebeu apenas 45 mm de chuvas no dia 14. Com isso, muitas lavouras estão morrendo nos campos, especialmente as cultivadas em novembro do ano passado, e as perdas podem superar os 60%. A expectativa era de um rendimento médio de 50 sacas do grão por hectare nesta safra.

O representante da Aprosoja Piauí, Altair Fianco, destaca que em no curto período de 17 a 29 de fevereiro, as plantações da oleaginosa secaram. “A lavoura secou, foi tudo muito rápido e não dá para entender e acreditar que foi somente a questão climática, com a falta de chuvas, as altas temperaturas e os ventos fortes”, afirma.

Diante do clima adverso, as plantas anteciparam em um mês o seu desenvolvimento. Consequentemente, as lavouras que deveriam ser colhidas a partir do dia 29 de março a 1º de abril já podem ser colhidas, ainda conforme ressalta Fianco.  “E isso fatalmente significa uma redução de produtividade muito grande, o prejuízo é muito sério e atinge todo o estado”, completa.

Paralelamente, os produtores descartam, em um primeiro momento, a ligação do fenômeno com a variedade escolhida para ser semeada nesta temporada. “Temos outras variedades que se comportam da mesma maneira, ainda precisamos pesquisar um pouco mais para entender o que realmente está acontecendo”, reforça Fianco.

Inclusive, técnicos da Embrapa Soja deverão ir à região para realizar testes com as plantas e o solo. “Estamos associando a situação ao aparecimento da doença macrophina (podridão das raízes) que se manifesta em forte stress hídrico, porém, ainda não é uma certeza. Pois nem mesmo a própria escaldadura, relacionada ao clima seco e, que cozinha a folha seria tão violenta”, acredita o representante da Aprosoja Piauí.

Por outro lado, há uma preocupação por parte dos produtores rurais em relação às lavouras, semeadas em janeiro, que estão em estágio de floração e enchimento de grãos e que ainda precisam de chuvas. “Nesse instante precisamos colher e assimilar o prejuízo nas áreas semeadas mais cedo, já a soja de janeiro/16, se tivermos chuvas ainda poderemos recuperar o potencial produtivo das plantas. Ainda assim, acreditamos que iremos colher uma das piores safras da história do estado”, lamenta Fianco.

Além desse quadro, os produtores ainda estão apreensivos em relação aos contratos feitos anteriormente. “O prejuízo está instalado, é quase uma situação caótica. E estamos nos referindo à soja, mas no milho o cenário também é crítico, uma vez que, as plantações estão em fase de pendoamento”, diz o representante da entidade.

Confira abaixo fotos enviadas por Altair Fianco:

Lavouras de soja em Uruçuí (PI). Imagens registradas no dia 17 de fevereiro

Lavouras de soja em Uruçuí (PI). Imagens registradas no dia 25 de fevereiro

Lavouras de soja em Uruçuí (PI). Imagens registradas no dia 29 de fevereiro

Índice de chuvas em 2016, em Uruçuí (PI)

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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