Mercado interno da soja muda de patamar, com alta em Chicago e explosão do dólar

Publicado em 10/11/2016 17:01
Atenções se voltam para o plantio na América do Sul e condições climáticas influenciando a safra trarão volatilidade para os preços da soja
Confira a entrevista de Camilo Motter - Granoeste Corretora de Cereais

Nesta quinta-feira (10), o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) encerrou com altas de 5 a 6 pontos nos principais vencimentos. A soja volta aos patamares dos 10 dólares por bushel nos vencimentos março (US$10,04) e maio (US$10,11), depois de forte queda influenciada pela divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia anterior.

De acordo com Camilo Motter, analista da Granoeste Corretora de Cereais, ontem houve uma pressão muito forte devido às informações de que a safra americana chegará a 118 milhões de toneladas, com a colheita já em seus momentos finais, trazendo um relatório com "muita confiança em relação à produtividade estupenda que os americanos tiveram esse ano", ele destaca. Além disso, a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos chegou a gerar certa volatilidade para os preços.

"No tocante, os fundamentos do mercado se consolidam mais baixistas no momento, dada a grande oferta e o bom ritmo de plantio no Brasil", diz o analista.

O momento, portanto, é de atenção para o clima no Brasil e na Argentina. "Temos muita história para acontecer ainda", avalia Motter. Por outro lado, a demanda chinesa também deve continuar forte e dando ritmo ao mercado, anulando o grande número de produção dos americanos.

A expectativa é de que o mercado continue sensível aos riscos. Com o novo governo dos Estados Unidos, "há possibilidades de medidas com mais ganhos num lado e perdas nos outros", o que gera a volatilidade que respinga nas commodities.

Este movimento influenciado pelas eleições pode ser mais sentido no câmbio americano. O analista acredita que, "mesmo nos momentos de maior turbulência no ano passado", não houve uma alta tão expressiva como a de R$0,15 em um único dia, como a ocorrida hoje no dólar em relação ao real. Questões internas do Brasil, como o Banco Central não propondo mais ao mercado o ato de bancar a diferença cambial a troco de juros e a possibilidade de o governo de Michel Temer também ser impedido pela cassação da chapa Dilma-Temer por parte do TSE, também podem trazer movimentações para essa relação.

Mercado interno brasileiro

No dia de hoje, as vendas no mercado interno brasileiro também tiveram uma movimentação "bastante razoável", como avalia Motter. Nos portos brasileiros, em especial São Francisco e Paranaguá, houveram compras a R$80 contra R$77 de ontem. Para a safra nova, as compras também passaram de R$77 a R$78 para níveis de até R$80,50 em alguns momentos.

No interior, também houve alta de preços, mas ainda não tão expressiva devido à baixa margem de esmagamento por parte das indústrias, que não conseguem indicar preços melhores.

Os negócios, no entanto, ainda são em volumes muito pequenos. "Existe certa ansiedade por parte do produtor para realizar vendas, tendo uma oportunidade agora de fixar alguma coisa e travar custos a um preço relativamente considerável. Difícil é dizer se é o melhor preço da temporada", diz. "Há um jogo no mercado e é difícil dizer se é momento de vender. Quem decide é o produtor".

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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