Soja no mercado interno tem potencial de chegar a R$ 90,00/sc até abril, com valorização do dólar e Chicago acima dos US$ 10,00

Publicado em 18/11/2016 17:03
Produtores tem que participar das altas, mas devem reservar parte da safra para negociar mais adiante, alerta consultoria
Confira a entrevista de Guilherme Zanin - Economista da Apexsim

Nesta sexta-feira (18), a Bolsa de Chicago (CBOT) teve alta nos principais vencimentos com a soja, com o vencimento novembro chegando a US$9,90 o bushel próximo ao fechamento.

De acordo com Guilherme Zanin, economista a Apexsim, o mercado deve continuar trabalhando nos patamares acima de US$10 o bushel. Segundo ele, fatores como uma forte demanda chinesa, além da demanda do próprio mercado interno americano, além da eleição de Donald Trump e do aumento das taxas de juros, são fatores que equilibram o mercado neste quadro.

"É um piso para o mercado, que cria uma barreira psicológica para os investidores. Os próprios investimentos futuros já negociam acima dessa faixa", diz o economista.

A eleição de Donald Trump também gera um quadro de instabilidade nas relações dos americanos com a China. "Há uma concepção de que o Trump não tem uma diretriz econômica muito clara, os investidores não sabem o que esperar", analisa. Ele lembra que, como durante a campanha ele mostrou a possibilidade de adotar uma postura protecionista, o mercado espera que ele vá fechar a economia para estimular o negócio interno.

Este fator, por sua vez, é bom para o Brasil, que pode ganhar um forte parceiro comercial no país asiático, que possui uma demanda crescente ao longo dos anos.

Por mais que os Estados Unidos também venham de uma safra recorde, uma boa parte desta safra já foi negociada. Com a demanda interna, sobra pouco volume para exportar - e este, segundo Zanin, é um fator que tem segurado os preços.

Na América do Sul, mesmo que tenha uma La Niña fraca, a queda de produção pode chegar a 12%. No entanto, isso afeta apenas 1% da produção total mundial. "Mesmo com uma superssafra no Brasil, os preços não devem cair vertiginosamente", aponta.

Por outro lado, com o movimento de alta de câmbio, a comercialização no mercado interno pode ficar bastante favorável para os brasileiros. As perspectivas apontam um aumento no dólar de até R$3,60 até o final do ano.

Com isso, a soja no mercado interno teria preços "bem maiores do que os atuais". O mercado se encontra a R$80 a saca no Porto de Paranaguá atualmente. Até março e abril, segundo a previsão da Apexsim, deve chegar a R$90.

Para os produtores, o economista recomenda que travem uma boa parte do preço fazendo operações de hedge e vendam uma parte da produção, segurando um pouco para assegurar os melhores preços que vêm pela frente.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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