Soja em Chicago recua com chuvas na América do Sul, queda do óleo e investidores aproveitando para embolsar lucros antes do USDA

Publicado em 08/12/2016 17:02
Relatório do USDA pode ampliar vendas americanas e reduzir estoques nos EUA. Mas mesmo com revisão negativa, estoque seria mais de 2 vezes maior que do ano passado
Confira a entrevista de Camilo Motter - Granoeste Corretora de Cereais

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Mercado da soja em Chicago recua com queda nas cotações do óleo

 

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Na sessão de hoje (8) na Bolsa de Chicago (CBOT), o mercado da soja apresenta quedas significativas.

De acordo com o analista de mercado Camilo Motter, a dúvida em torno da continuidade das exportações americanas - que, mesmo assim, são crescentes - além do clima na América do Sul e com fundos alternando entre serem mais comprados e se desfazerem de suas carteiras, são alguns fatores que geram volatilidade para o mercado neste momento.

Hoje, também houve uma ação de fundos da ponta vendedora, por promessa de melhores chuvas no Brasil e na Argentina, fator que foi bastante negativo para a formação de preços no mercado.

Paralelamente a isso, a escolha de Scott Pruitt para assumir a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) no governo de Donald Trump pode ter indicado uma redução no uso do milho para etanol e de óleo de soja para o biodiesel, indo na maré contrária dos anúncios feitos pelo governo Obama. Pruitt, ligado ao setor petrolífico, possui um histórico de ações contra a EPA.

Fundamentos

O mercado começa a se preocupar com uma mudança de demanda para a América do Sul, mas países como Brasil e Argentina ainda precisam se tornar mais competitivos em relação aos americanos. Os americanos, até o momento, já estão com 43 milhões de toneladas vendidas, contra 34 milhões do ano passado.

Portanto, mesmo que haja a transferência para a América do Sul, a oferta americana tende a ficar escassa e, desta forma, os Estados Unidos deverão ficar menos competitivos.

Os embarques, que começaram em 1 de setembro, já alcançaram 26 milhões de toneladas até então, contra 21 milhões de toneladas do ano passado.

O relatório a ser divulgado amanhã (9) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deverá ter a demanda como sua maior motivação. Os números de produção e oferta deverão ser estáveis, com um resultado final da safra vindo apenas em janeiro.

No Brasil, chega-se à reta final do plantio de soja, com clima dentro das condições normais. A atenção para a América do Sul e para o desenvolvimento da safra, tendo em vista o ano de mudança de padrão climático, passa a ser um dos principais fundamentos, junto com a demanda forte.

Segundo o analista, enquanto a oferta na América do Sul não se consolidar, o mercado deverá ser volátil com intensa presença de fundos, a exemplo do que ocorreu com a safra americana.


Comercialização brasileira

Os fatores internos políticos e econômicos formam o câmbio neste momento. Para o analista, na próxima semana, com a votação da PEC dos Gastos, o dólar deverá cair mais em relação ao real. No entanto, outros fatores, como a posição de Donald Trump em exercício na presidência dos Estados Unidos poderá trazer algumas mudanças para o câmbio e para o mercado de grãos em si.

Nos últimos dias, o oeste do Paraná chegou a ver preços de R$78, enquanto Paranaguá, de R$85 a R$86 para a nova safra e Rio Grande, até R$87. Motter explica que o produtor no oeste do Paraná tem um "número mágico", que é R$80. Quando os preços baterem este patamar, ele acredita que poderá haver um deslanche de negócios.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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