Chuva de janeiro acumula 800 mm em São Gabriel/RS e devasta produção da soja, arroz, mel e pecuária

Publicado em 18/01/2019 09:37
Ainda com lavouras em baixo da água, estimativa é de 40% de perda na safra de arroz, cerca de 20% do total da área de soja já sem nenhuma recuperação, grandes impactos na produção de mel e na pecuária local.
Tarso Teixeira - Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel/RS

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Entrevista com Tarso Teixeira sobre o Acompanhamento de Safra da Soja

 

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A região da cidade de São Gabriel no Rido Grande do Sul registrou muitas chuvas no mês de dezembro, mas a situação se agravou com a virada do ano. Desde o dia 3 de janeiro, a cidade já acumula 800 milímetros e registra a maior enchente da história segundo informações locais.

Nesse cenário, o município que é o terceiro maior produtor de soja do estado, o principal exportador de mel do RS, o segundo maior produtor de arroz gaúcho e possui o quinto maior rebanho bovino estadual, já começa a acumular prejuízos, que devem chegar a mais de R$ 200 mil.

“Temos em torno de 32 mil hectares plantados de arroz e praticamente 40% dessa área já está totalmente perdida, e as outras áreas estão com 15 dias sem luminosidade e devem ter mais de 40% de queda na produtividade. Na soja plantamos mais de 160 mil hectares que vinham bem, mas essa chuva liquidou com as lavouras da várzea, cerca de 30 mil hectares totalmente perdida, após mais de três replantios em alguns locais. Na apicultura é calculado um prejuízo sem precedentes com praticamente tudo perdido. Também na pecuária, ocasionou uma grande infestação de carrapatos e perda de peso, além disso, o segundo maior frigorifico do estado, que abate mil cabeças por dia, faz quase 20 dias que não faz abate por não conseguir transportar gado”, explica Tarso Teixeira, presidente do Sindicato Rural de São Gabriel/RS.

Durante a semana o Sindicato Rural da cidade realizou diversas reuniões com entidades governamentais, produtores, Prefeitura, defesa civil e bancos para tentar ações que amenizem os estragos em São Gabriel com reconstrução de infraestruturas atingidas pela chuva como estradas e pontes, e a possibilidade de acionamento de seguros e melhores condições para os financiamentos que já haviam sido feitos pelos produtores.

Como grande parte do município segue alagada, com algumas áreas isoladas e sem energia elétrica, uma quantificação mais exata dos prejuízos só poderá ser feita nas próximas semanas. “Nós temos muitas barragens e açudes em nossa região e o risco dessas barragens romperem ainda é muito grande. Além disso, vai haver erosão muito grande nessas áreas. Estamos apavorados com isso porque não para de chover e as previsões apontam que a chuva deve seguir, no mínimo, até domingo. Só vamos poder avaliar depois de cessar a chuva, mas essa é a maior perda da história de São Gabriel em termos de prejuízo econômico do agro negócio”, pontua Teixeira.

Mesmo ainda sem poder traçar um panorama completo da região, estimasse que alguns produtores, principalmente os pequenos e médios, tenham perdido 100% de suas lavouras, como aconteceu com a cultura da melancia na cidade, por exemplo.

Confira a entrevista completa no vídeo.

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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