Excesso de chuva na região de Tupanciretã e proximidades já provoca severo atraso no plantio da soja e do arroz

Publicado em 05/11/2019 11:23
Prejuízos no arroz ainda são incalculáveis e preocupam produtores mais do que os problemas com a soja neste momento. Necessidade de replantio já se registra também para ambas as culturas, bem como o temor com doenças que desenvolvem sob as atuais condições de clima. No trigo, chuva excessiva prejudica qualidade dos grãos a ainda serem colhidos.
José Domingos Lemos Teixeira - Coordenador do Núcleo da Aprosoja de Tupanciretã

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Entrevista com José Domingos Lemos Teixeira sobre o Acompanhamento de Safra da Soja

 

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As culturas de arroz, trigo e soja na região de Tupanciretã, no Rio Grande do Sul, estão prejudicadas pelo excesso de chuva nos últimos dias. De acordo com o coordenador do núcleo da Aprosoja de Tupãciretã, José Domingos Lemos Teixeira, a alta precipitação gerou atraso na colheita do trigo, o que compromete a qualidade do cereal, atraso também na semeadura da soja e alagamento das várzeas de arroz. 

Para Teixeira, o caso mais grave é em relação ao arroz, para o qual ele afirma que os prejuízos são incalculáveis. "Em contato com produtores e consultores da região sul do estado, a preocupação com o arroz é muito maior do que com a soja. Muitos produtores ainda não plantaram, e quem já plantou, corre o risco de ter que semear outra vez" disse. 

Segundo o coordenador, na região de Tupanciretã ainda há 70% do trigo para ser colhido. Os 30% que já foram colhidos acompanharam a boa qualidade antes da chuva, ou seja, trigos com ph de 78, 80, 81. Agora, após esses 300mm de chuva, em média, que choveu na região nos últimos 11 dias, possivelmente a qualidade do trigo vai cair muito e os prejuízos com a cultura são inerentes. "Nós vamos ter baixa qualidade, uma menor remuneração para o produtor e, por consequência, um custo de produção dos alimentos da cadeia maior para o nosso consumidor, já que não somos auto sustentáveis em trigo. Já estamos conscientes de que não teremos qualidade, e pode ser que o trigo seja destinado à ração animal num valor 40% menor do que está sendo trabalhado para os trigos de alta qualidade", lamentou Teixeira.

Sobre os preços de mercado para o trigo, ele explica que esse ano a estimativa era de R$ 42, R$ 43 reais por saca, mas quando entrou a colhedora, o valor baixava praticamente R$ 1 por dia. "Então o trigo de qualidade aqui a gente está falando de R$ 38, R$ 39 reais a saca, isso com ph 78, mas quando baixa a qualidade, a gente vai pra R$ 10, R$ 20, R$ 23 reais", explica.

Em relação à soja, a expectativa é de semear este ano 5,9 milhões de hectares em todo o estado, de acordo com Teixeira. O Coordenador conta que em consulta com produtores e técnicos de localidades como São Seté, Rosário, Cachoeira do Sul, São Borja, São Luiz Gonzaga, Passo Fundo, Cruz Alta, Vacaria, o que se vê é que o melhoramento genético e as condições climáticas nos últimos seis anos nos deram uma nova visão de semeadura da soja em outubro, mas este ano "nós não conseguimos efetuar esse operacional de semeadura da soja". "O ano passado aqui em Tupãciretã, segundo pesquisa da Aprosoja, dia 1 de novembro nós tínhamos 42% da área semeada com a cultura, e este ano nós temos 19%", afirma.

Teixeira diz que o alto rendimento com a soja é entre 25 de outubro e 15 de novembro, e conforme o último Censo, o estado tem uma capacidade de semeadura em torno de 5% ao dia da área útil. Sendo assim, são necessários 25 dias operacionais de semeadura para terminar de plantar soja no Rio Grande do Sul. "Vamos olhar para frente e esperar que o sol venha".

Por: Carla Mendes e Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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