Soja nos portos sobe R$ 1,50/saca com altas do dólar e de Chicago, mas poucos negócios são registrados

Publicado em 26/02/2020 17:22
Dia mais curto de negócios pode ter prejudicado as vendas, já que produtor tinha como alvo os R$ 90,00/saca que foi atingido
Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting

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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja

 

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O dólar voltou a renovar sua máxima histórica frente ao real e fechou com R$ 4,44, subindo mais de 1% nesta quarta-feira (26) de cinzas no Brasil, com os negócios sendo retomados após o feriado prolongado de Carnaval. Dessa forma, os preços da soja - que também foram motivados por pequenos ganhos na Bolsa de Chicago - também subiram no país, principalmente nos portos. 

Segundo Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os principais terminais registraram indicativos de R$ 89,00 a R$ 91,00 por saca nos principais vencimentos, com uma alta de cerca de R$ 1,50 em relação à semana anterior. 

Os negócios, no entanto, foram limitados pelo dia de "meio período, típico da quarta de cinzas, mas "uma nova leva de negócios", ainda como explica Brandalizze, poderia acontecer a partir desta quinta-feira, 27, na medida em que o mercado vai retomando sua normalidade. 

O consultor afirma que a demanda da China permanece concentrada no Brasil e buscando o produto brasileiro. No entanto, cita as limitações que ainda chegam com os problemas - principalmente os logísticos - causados pelo surto do coronavírus. Somente no país são mais de 80 mil pessoas infectadas e quase 3 mil óbitos. 

MERCADO INTERNACIONAL

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja fecharam o dia com pequenas altas de 2 a 3,75 pontos nos principais contratos, levando o março a US$ 8,81, o maio a US$ 8,92 e o julho de volta ao patamar dos US$ 9,00 com US$ 9,02 por bushel. 

Buscando definir uma direção e depois de testar suas mínimas em algumas semanas, o mercado da soja volta a subir nesta quarta-feira (26) na Bolsa de Chicago. As cotações começaram o dia com estabilidade, testando os dois lados da tabela com tímidas variações, porém, no início da tarde passaram a atuar em campo positivo. 

Os ganhos, no entanto, são frágeis e sinalizam, como explicam analistas e consultores de mercado, um reajuste do mercado depois das últimas movimentações. Na segunda-feira (24), as cotações perderam mais de 15 pontos nos principais contratos e ontem terminaram o dia com pequenas altas na CBOT. 

O mercado mantém seu foco sobre as notícias que chegam sobre o avanço do coronavírus, que já extrapolou as fronteiras da China e teve seu primeiro caso confirmado no Brasil hoje. Além dos impactos da saúde, as perdas econômicas com o vírus também são esperadas com bastante severidade e alimentam com ainda mais força e intensidade as preocupações de uma recessão global. Somente na China, o o vírus já matou quase 3 mil pessoas e infectou mais de 80 mil. 

Para a soja, o mercado observa ainda as movimentações da China em torno das possíveis compras de soja que pode fazer nos EUA. O movimento faz parte, em teoria, da fase um do acordo comercial, que entrou em vigor no último dia 15, e os traders seguem atentos sobre quando as aquisições serão, de fato, efetivadas. 

E analisando o quadro global de oferta e demanda, "este mercado deveria estar subindo e não caindo", acredita o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar e AgroCulte, sobre as cotações da soja. Segundo os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os números são bem mais ajustados, a relação é menos confortável e atua com algum suporte às cotações da oleaginosa. 

"Estamos lidando com o desconhecido, por isso não é possível ter uma base exata de quanto vai cair a demanda, quando volta a se recuperar, mas a expectativa até agora é que não. A China deve continuar comprando em volumes grande como tem feito até agora", afirma o consultor. 

 

Por: Aleksander Horta e Carla Mendes| Instagram@jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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