Soja: Preços precisam alcançar patamares mais altos para conter a demanda, diz Severo

Publicado em 24/02/2021 12:09 e atualizado em 24/02/2021 14:19
Produto brasileiro é, atualmente, o único disponível no mundo neste momento, oferta está virtualmente esgotada nos EUA e a escassez vai se agravando. Sojicultor no Brasil precisa agora saber colocar preço em seu produto.
Liones Severo - Diretor do SIMConsult

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Entrevista com Liones Severo - Diretor do SIMConsult sobre o Mercado da Soja

 

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O atraso dos embarques brasileiros de soja deve ser compensado nos próximos meses e o ritmo tende a se regualarizar já em março, na análise de Liones Severo, diretor do SIM Consult. Já há mais de 11 milhões de toneladas para serem embarcadas no próximo mês, "mas acredito que isso não é o ponto principal da disparada dos preços. O mundo não está produzindo a soja que está consumindo", diz, em uma entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira (24). 

Severo afirma ainda que não há oferta suficiente, neste momento, para ser comercializada de forma a derrubar as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago, o que leva o mercado a buscar patamares ainda mais elevados de forma a tentar conter a demanda ainda muito intensa. "É preciso haver a parcimônia do consumo". 

Considerando o calendário global da soja, que começa em outubro, até fevereiro a China aumentou seu esmagamento em 14,5%, e "se o ano passado importou 100 milhões de toneladas, esse ano vai importar 115 milhões e é muito provável que isso aconteça se tiver soja", explica o especialista. 

Assim, a expectativa, em tese, ainda segundo Severo, é de que a soja alcance o maior preço da história, dados os baixíssimos estoques que são registrados nesta temporada. A tendência é de que agora o mercado busque patamares ainda elevados para promover esse racionamento da demanda. E o movimento não deverá se limitar só à soja, mas aos demais grãos - com destaque para o milho - e oleaginosas. 

"O mundo importa 2700 navios de soja por ano. E o Brasil desse total fornece 1500, dos quais 1000 vão para a China - 60 milhões de toneladas -  e os outros 500, para o mundo todo. Vimos no lineup Turquia, Bangladesh, México, Espanha. E o Brasil está vendendo soja para o mundo todo porque é mais competitivo do que os EUA  mesmo em destinos mais próximos (dos americanos)", relata o diretor do SIM. 

Em sua análise, Severo acredita que haja, no máximo, 30% apenas da safra 2020/21 do Brasil de soja a ser negociada. "A única soja existente hoje no mundo é o Brasil até a colheita americana, a única na prateleira. E tem (o produtor brasileiro) que botar preço na nossa soja", diz. 

PRÊMIOS

Sobre os prêmios, Liones Severo explica que essa pressão atual também é pontual e temporária. "O prêmio não caiu, derrubaram o prêmio. Se não houver uma estratégia comercial, o Brasil nunca vai conseguir vender bem sua soja", diz. 

NOVAS SAFRAS

A nova safra dos Estados Unidos deve começar a ser semeada na próxima semana e já começa com severos alertas climáticos, entre eles o frio extremo e o tempo seco em regiões importantes de produção, e não será suficiente, mesmo com o aumento de área, para equilibrar a relação de oferta e demanda. 

"A perspectiva para o próximo ano é ter estoques ainda menores do que os desse ano, e preços ainda maiores. O mundo cada vez mais aumenta o consumo e é uma amplitude de escassez que eu jamais assisti na minha vida", relata Severo. "Esse é o quinto ano para o milho que a produção mundial é menor do que o consumo, A China não tem o estoque que os americanos afirmam (...) Então, não tem milho, não tem soja, trigo tem apenas estoques razoáveis. E a soja é única, por isso que todo mundo quer comprar. O índice das commodities está subindo violentamente", completa. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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