Mercado espera redução de produção, produtividade e estoques no relatório do USDA, mas mudanças podem não ser suficientes para impulsionar soja

Publicado em 11/08/2022 17:22
Safras & Mercado alerta para atraso na comercialização da safra nova no Brasil e necessidade de garantir ao menos o custo de produção
Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado

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Mercado espera redução de produção, produtividade e estoques no relatório do USDA, mas mudanças podem não ser suficientes para impulsionar soja

Às vésperas do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de agosto, os preços da soja fecharam a sessão desta quinta-feira (11) com altas de 11,25 a 21,25 pontos nos principais contratos, com o novembro valendo US$ 14,48 e o janeiro a US$ 14,55 por bushel. 

"O mercado está de olho no clima norte-americano, já que estamos em mês decisivo para a definição da safra, mas nesta semana temos o boletim do USDA de agosto, que é um relatório muito importante e que deve trazer, pela primeira vez, mudanças na produtividade, que naturalmente vai mexer em produção americana", explica o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. 

Ele destaca um mês de julho desfavorável para os campos dos EUA e a redução expressiva e sucessiva que foi se registrando para as lavouras norte-americanas, inclusive também no início de agosto, o que daria espaço para estas correções nos números. Na soja, o corte na safra seria de um milhão de toneladas. 

"Ainda é uma safra grande, apesar de poder não alcançar todo o potencial inicial estimado. Olhando para a relatório, um corte na safra faz dele altista, mas o mercado de uma forma geral está esperando que apesar desse corte de um milhão (na safra), o USDA não traga um corte de um milhão de toneladas nos estoques, que no final das contas é o que mais pesa. O mercado espera um corte pequeno nos estoques finais porque se espera um aumento nos estoques de passagem", diz Gutierrez em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta. 

O analista destaca ainda a importância do monitoramento sobre as condições de clima nos Estados Unidos, já que há ainda muito a a se definir, principalmente na produção de soja do país. E esse é um vetor que deverá manter o mercado bastante volátil, depois do relatório, de olho nos mapas climáticos. Segundo ele, em setembro os números apresentados poderiam ser um pouco mais consolidados, com "uma fotografia um pouco mais próxima da realidade" e dados sendo colhidos a campo pelo time do USDA. 

No paralelo de todas estas expectativas, o comportamento da demanda é outro ponto que permanece no radar do investidores, inclusive com novas compras da China nos EUA sendo informadas pelo USDA nesta semana. "Salvo surpresas, não devemos ter nenhum grande impacto da demanda e isso deve ser algo positivo no curto e médio prazo". 

MERCADO BRASILEIRO

Com a chegada da nova safra americana ao mercado, as compras da China tendem a ficar mais frequentes nos EUA diante de preços mais atrativos que poderiam se mostrar ao mercado em relação ao produto brasileiro. Todavia, há dois cenários distintos no Brasil, com alguns volumes ainda disponíveis da soja 2021/22 e produtores segurando um pouco mais as vendas e prêmios ainda bastante elevados. Já para 2022/23, as vendas estão mais lentas e já apontam um atraso considerável. 

O analista também orienta sobre o mercado cambial e pontua a possibilidade de sua volatilidade comprometer o fechamento dos custos para a nova safra do produtor brasileiro. "É importante o produtor ficar atento e avançar (nas vendas 2022/23) um pouco mais", diz. "Se trabalharmos com aumento de custos e um preço de soja mais fraco - cerca de R$ 20,00 (na comparação com a safra anterior) - naturalmente, a margem cai. Mas antes dele pensar na margem, tem que pensar no risco que está correndo". 

Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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