Se consumo de etanol seguir caindo como janeiro X dezembro, usinas deverão levar em conta prêmio sobre açúcar na safra

Publicado em 06/03/2018 17:01
Prêmio na usina está em 25% sobre o açúcar, na safra cai até 12% historicamente. Abaixo disso, indústria prefere o açúcar, mercado com clientes cativos e menos voláteis que o do etanol, mesmo com as cotações mundiais depreciadas pelo superávit. Vendas do biocombustível na margem já houve queda de 8% em janeiro, segundo a ANP.

Maurício Muruci, analista de mercado da Safras & Mercado, conversou com o Notícias Agrícolas nesta terça-feira (06) para destacar que o mercado do etanol hidratado está com um bom fôlego, com um consumo "puxando tanto que as usinas estão tentando frear a demanda". Alguns fatores que influenciam neste cenário são o final do ano, que conta com um aumento das viagens, bem como a entrada na entressada.

No entanto, há sinais de que o consumidor está olhando a alta do etanol, com queda de 8% no consumo sobre dezembro, segundo a 
ANP. Assim, se continuar caindo, usinas deverão levar em conta o prêmio do etanol em relação ao açúcar, que se ficar em 10/12% não compensa. 

As usinas, assim, tentam otimizar o que elas produzem a ponto de elevar os preços. Se os preços atuais forem mantidos, como conta Muruci, estas poderão ter um "trade off financeiro". Os estoques possuem um custo de carreira elevado, de forma que elas acabam elevando os preços para reduzir a demanda e potencializar os ganhos.

O cenário, otimista, também ocorre em função da nova política de preços da Petrobrás, que liberou a gasolina nas cotações internacionais, além da oscilação em função do dólar: quando mais desvalorizado o real, melhor é o cenário para o hidratado.

Historicamente, o centro-sul do Brasil antecipa a sua safra em março. Agora, essa antecipação começou em janeiro, dando o tom de que um volume interessante deve entrar no mercado, com clima contribuindo para esse fator.

Os números de fevereiro devem dar o tom dos caminhos da demanda neste primeiro trimestre. Se eles vierem menores do que janeiro, seria um sintoma de desaceleração da demanda em um momento crucial do ano.

 

Por: Giovanni Lorenzon e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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