O que dizer da situação da suinocultura Brasileira e Catarinense?

Publicado em 06/07/2012 08:01
Por Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da ACCS.
O que dizer da situação da suinocultura Brasileira? O que dizer da suinocultura Catarinense? O que mais dizer aos nossos destemidos produtores que amargam uma crise há 18 meses na atividade e que somente agora começam a ser atendidos por nossos representantes com algumas das nossas reivindicações? O que dizer dos depoimentos emocionados dos produtores que a imprensa nacional está mostrando ao Brasil, onde um produtor de 65 anos teve que parar com a atividade da vida inteira e mandar seus filhos trabalhar fora por estar perdendo a propriedade pelas dívidas e quando perguntado o que ele fez de errado ele diz no seu jeito humilde “SÓ TRABAIEI” e conclui “vou vender para pagar a conta no banco, pois tenho avalistas e não quero incomodá-los”, isto se chama honestidade, dignidade.
 
Santa Catarina já foi o maior Estado produtor de frango e ainda somos o maior produtor e exportador de suínos, porém até quando vamos manter este status? Com o agravamento da crise, inúmeros produtores estão sendo expulsos das propriedades e retornando somente as dívidas contraídas por acreditar que este importante setor para a economia do Estado e com um status sanitário diferenciado teria a sua valorização na sua essência “O PRODUTOR”. O fato de mudar de profissão ou de emprego é algo muito simples, quando não se tem altos investimentos como não é o caso da suinocultura. Se um caminhoneiro ou taxista abandonam a profissão eles conseguem vender seu instrumento de trabalho e recebem sobre o valor do mercado o seu patrimônio, agora, o que fazer das instalações que estão investidos centenas ou milhares de reais e que se deteriorarão com o tempo sem ao menos recebermos um centavo ou poder adequá-las para outra atividade? Quem vai indenizar o suor de gerações que investiram em granjas, fábricas de ração, tecnologias de ponta, meio ambiente?  O que dizer a estes Bravos Brasileiros Suinocultores, que tem que dizer a seus filhos para saírem da propriedade porque a atividade não remunera mais e, além de tudo ele tem que entregar a propriedade para saldar as suas dívidas?
 
As reivindicações do setor precisam ser atendidas imediatamente e como primordial precisamos acabar com o prejuízo na atividade e a ÚNICA forma é o governo pagar ao produtor a diferença entre o valor recebido e o custo de produção, ou seja, em Santa Catarina estamos comercializando a um preço médio de R$ 1,80 com um custo da EMBRAPA de 2,57 no mês de maio, sendo que o produtor teria que receber este subsídio no valor de R$ 0,77 centavos por kg. Este é um ponto chave do negócio, ou o governo faz isso ou não adianta renegociar as dívidas nem colocar dinheiro na atividade para retenção de matrizes no campo, isso só vai retardar a morte certa dos suinocultores e deixá-los ainda mais endividados. Outro fator imprescindível é manter nosso plantel estável por um ano, cortando todos os investimentos para atividade e acabar com o conceito que tantos falam que “é na crise que se cresce”, pois isso está aprofundando cada vez mais esta crise. Não dá mais para segurar, estamos falidos, esperamos que no dia 12, na Audiência Pública no Senado, juntamente com a reunião no Ministério as alternativas do setor sejam colocadas em prática, caso contrário, aproveitaremos este manifesto para decretar a falência da suinocultura brasileira. Não esqueça, “SE VOCÊ SE ALIMENTOU HOJE, AGRADEÇA A UM PRODUTOR RURAL”. Contamos com vocês nesta luta.
 
Presidente ACCS - presidente@accs.org.br

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Fonte: ACCS

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