O colapso silencioso do agro – E o novo ciclo de abundância, por Luciana Martins

Publicado em 24/11/2025 15:42

A cadeia do agronegócio atravessou três anos de cegueira estratégica, com um nível de deterioração estrutural que ninguém quer admitir. O setor viveu um vale. Produtores endividados e desistindo. Cooperativas entrando em liquidação judicial. Indústrias com prejuízos em sequência. Um ecossistema inteiro operando no limite e, ainda assim, insistindo no mesmo modelo de três décadas atrás: foco em produto, volume, campanha e meta.

Enquanto isso, as equipes comerciais e de marketing seguiram rodando o mesmo script, como se nada tivesse mudado.
Essa cegueira operacional é o principal motivo pelo qual grande parte do agro ficou presa no vale.

Agora, 2026 não será um ano “de esperança”. Será o ano do divisor de águas.
E só vai acessar a abundância quem fizer a virada imediata de estratégia.

O vale: três anos de desequilíbrio exposto

Fatos que comprovam o colapso recente

Fonte: Globo Rural – “Vendas da área agrícola da Bayer caíram 18,5% no 2º trimestre, para 4,92 bilhões de euros” (2023).
A área de herbicidas teve uma queda nas vendas de 45,6%, para 1,3 bilhão de euros

Fonte: Revista Cultivar – “Bayer fecha 2024 com prejuízo líquido de €2,55 bilhões” (2024).
A empresa confirma novo prejuízo, reforçando o impacto profundo no segmento agrícola.

Fonte: Relatório Anual FMC – “2023 Annual Report” (2024).
A FMC teve queda de 23% na receita global e 30% no EBITDA ajustado, puxada pela queda de consumo, excesso de inventário e menor apetite de compra dos canais.

Fonte: O Presente Rural – “Explosão de recuperações judiciais no agro acende alerta” (2024).
Os pedidos de recuperação judicial dispararam: 534 (2023) para 1.272 (2024).
Um salto que escancara o colapso financeiro da base da cadeia.

Fonte: BrasilAgro – “Decisão abre precedente para liquidação de cooperativas” (2023).
A Cooperativa Languiru, com dívida superior a R$ 1,1 bilhão, entra em liquidação extra - judicial, deixando claro que o modelo de gestão tradicional não responde mais ao cenário atual.

Fonte: AGfeed – “Cotribá enfrenta crise financeira atraso nos pagamentos e pressão de produtores” (2025).
A Cooperativa Languiru, com dívida superior a R$ 1,1 bilhão, entra em liquidação extra - judicial, deixando claro que o modelo de gestão tradicional não responde mais ao cenário atual.

Esses movimentos não são exceção. São diagnóstico.
Enquanto a base afundava, a pressão por metas e volumes seguiu como se estivéssemos em 2020 – 2021, o mercado virou, o setor continuou repetindo o mesmo modelo: metas irreais, pressão comercial, campanhas desconectadas do território, empurrar produtos para canais sem caixa e super estocados, indústrias ignorando a saúde mental e financeira dos clientes e distribuidores.

A origem do problema: produto no centro, cliente na periferia

Os últimos três anos deixaram evidente uma falha crônica:

A indústria operou olhando para si. Não para o ecossistema que a sustenta.

Pressionou RTVs, cooperativas, distribuidores e revendas como se todos fossem engrenagens substituíveis.
Ignorou o fato de que:

  • o produtor está endividado e emocionalmente exausto,
  • o canal está sem margem, com estoque parado e caixa comprimido,
  • os líderes vivem sob ameaça de demissão,
  • os times de campo trabalham em estado permanente de estresse,
  • o território deixou de responder.

A estratégia dominante foi clara:
“salve-se quem puder”.
Cada elo tentando resolver o seu lado, mesmo que isso destruísse o elo seguinte.

O resultado está nos números: prejuízos, retração, liquidações e perda de confiança.

O colapso emocional das lideranças: a ruptura que ninguém queria admitir

Os anos de 2023, 2024 e 2025 não quebraram apenas produtores, canais e cooperativas.
Eles quebraram lideranças.

A instabilidade no topo da cadeia escancarou o que ninguém ousava dizer: os cargos de maior poder de decisão do agro entraram em colapso emocional e estratégico.

E isso não é opinião.
É fato — sustentado por reportagens reais:

Fonte: Reuters – “John Deere corta posições assalariadas, incluindo níveis gerenciais(25 jun. 2024).”

Fonte: Bloomberg Línea – “Corteva inicia cortes globais em meio à queda de margens” (2024).

Fonte: Valor Econômico – “BRF faz cortes e troca diretores em reestruturação” (4 abr. 2024).

Fonte: AgFunder News – “Indigo demite executivos seniores - Indigo Ag confirms layoffs amid restructuring” (2023).

Essas trocas, demissões e reestruturações mostram a verdade que explica grande parte do vale 2023–2025:

Se o topo da cadeia opera com medo, toda a cadeia opera com medo.

  • CEO pressionado → diretoria insegura
  • Diretoria insegura → gerências desorganizadas
  • Gerências desorganizadas → RTV exausto
  • RTV exausto → território colapsado

A escassez emocional dos líderes contaminou toda a operação. 

Ponto de inflexão: 2026 marca a entrada no ciclo de abundância — mas só para quem mudar o jogo agora

A projeção para 2026 é de recuperação consistente em margens, preço e demanda.
Esse é o primeiro sinal real de abundância desde 2023.

Mas essa abundância não será distribuída igualmente.
Ela vai premiar quem fizer a virada agora e penalizar quem insistir na estratégia antiga.

*A virada consiste em uma única mudança de mentalidade:

Parar de salvar a si mesmo e começar a salvar o ecossistema que te sustenta.

Empresas que continuarem operando como se o produtor fosse o último elo da cadeia vão perder tração.
Empresas que entenderem que o produtor é o centro do ecossistema vão escalar.

A lógica é simples:

Se eu salvo o ecossistema que me suporta, eu estou automaticamente me salvando.
Se eu destruo o ecossistema que me suporta, minha queda é questão de tempo.

O que precisa ser feito imediatamente

(para acessar 2026 com vantagem competitiva real)

1. Produtor no centro da estratégia: A saúde financeira e emocional dele precisa ser KPI real.
Produtor sem caixa = canal travado = indústria sem faturamento.

2. Canais fortalecidos e tratados como parceiros, não como substituíveis :Trocar canal é fácil.
Perder território é irreversível.

3. Cooperativas como hubs de inteligência : Elas precisam voltar ao papel essencial: sustentação técnica, financeira e estratégica do produtor.

4. Revendas como polos de serviço, não como atacadistas de insumos: Valor não está no produto, está no acompanhamento.

5. RTVs e equipes comerciais com equilíbrio emocional: Nenhuma estratégia resiste a uma operação emocionalmente colapsada.

6. Metas baseadas em valor, não em volume: Volume fatura.
Valor sustenta.

O novo modelo de 2026 em diante: Growth Partner como estrutura de crescimento

A cadeia não precisa de mais campanhas isoladas.
Precisa de organização estratégica. O modelo Growth Partner se sustenta em três pilares:

Pilar 1 — Mapa de Oportunidades do Ecossistema

Mapear: caixa do produtor - risco das cooperativas - margem das revendas - saúde emocional dos times - nível de estoque - capacidade de serviço - pontos de estrangulamento - capacidade real de expansão territorial.

Pilar 2 — Desenvolvimento dos Elos da Cadeia

Capacitar o setor inteiro: Produtor – cooperativa – revenda – RTV – gerente - diretor.

Treinamento e desenvolvimento deixam de ser “benefício” e passam a ser infraestrutura de crescimento.

Pilar 3 — Gestão do Equilíbrio Emocional da Cadeia

O território não cresce se as pessoas que o operam estiverem emocionalmente colapsadas.

Produtor pressionado → decide mal.
RTV exausto → erra o diagnóstico.
Gerente inseguro → paralisa.
Diretor pressionado → perde clareza.

Equilibrar as pessoas é pré-requisito para equilibrar o faturamento.

Integração real: consultorias, marketing, eventos e influenciadores precisam parar de operar isolados

Hoje, a indústria contrata: consultorias, agências, influenciadores, TV, rádio, digital, eventos, ativações, mídia técnica …e cada fornecedor opera isolado.

O resultado é o óbvio: desalinhamento, desperdício e não-performance.

Chegou o momento de: integrar comunicação, consultoria, eventos, influenciadores, marketing, território, inteligência e produtor em uma única estratégia coordenada.

Crescimento não é somatório de ações.
Crescimento é resultado de integração.

A experiência com a Ekos Y Agro: a prova de que o modelo integrado funciona

Na minha experiência com a Ekos y Agro, já estamos operando exatamente assim integrando todos os elos. Empresas que antes nos viam como concorrência entenderam:
cooperar é mais eficiente e mais lucrativo do que competir dentro da mesma cadeia.

Todo fornecedor que atua no agro — consultoria, agência, mídia, influenciador, evento, treinamento, inteligência faz parte do mesmo ecossistema.

E quando o ecossistema inteiro performa, o setor inteiro prospera.

Fechamento

2026 será abundante.
Mas abundância precisa de ação imediata.
Busque agora um replanejamento de crescimento e estratégia.

Quem abandonar o modelo “salve-se-quem-puder” e operar em sistema, cadeia e ecossistema vai crescer de forma acelerada.

O que está em jogo não é apenas mercado.
É a capacidade de reconstruir o equilíbrio emocional, financeiro e estratégico de uma cadeia inteira.

Quem cuida do ecossistema se salva.
Quem ignora o ecossistema implode.
2026 vai deixar isso evidente

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Fonte:
Luciana Martins

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