O Canal Rural e a RBS, Por Alysson Paolinelli

Publicado em 12/03/2013 09:07 e atualizado em 12/03/2013 10:32
Alysson Paolinelli é engenheiro agrônomo, produtor e ex-ministro da Agricultura
A cabo de ler a notícia da venda do Canal Rural ao Grupo JBS, parece-nos encerrando um ciclo de vários anos de ligação desta emissora com a nossa RBS. Numa economia de livre mercado, todos nós desejamos que a competição fosse limpa, ética e baseada em bons princípios. Foi o que representou para nós a gestão do Canal Rural pela nossa grande emissora do Sul, a RBS. O Canal Rural despontou como uma emissora amiga do produtor rural. Participava ativamente de todas as iniciativas de interesse do sistema produtivo brasileiro. Apoiando e criticando quando necessário, mas sempre dando a sua opinião a favor do produtor brasileiro.

Contribuiu efetivamente no grande salto do nosso agronegócio. Informações técnicas e de mercado sempre foram o seu forte. Leilões abertos a todos os interessados indicavam os rumos do nosso presente e futuro da pecuária, seja de corte ou de leite. Até o cuidado em rever o nosso passado e formular um pouco da nossa história do setor agrícola, sempre buscando com exatidão os verdadeiros fatos ocorridos e os reverenciando aos atuais produtores no sentido de estimular a evitar erros e promover acertos para o seu futuro.

Figuras quase mitológicas foram sendo criadas, como o nosso João Batista Olivi, um defensor incansável do produtor brasileiro. Não é apenas um curioso da força do agro brasileiro por ouvir dizer. Não. O João vai aonde o fato existe. Conhece como ninguém cada produtor em seu campo de batalha. E conhece pelo nome dele, da sua esposa, dos seus filhos e até de noras e genros. O João e sua esposa, a nossa querida dona Vera, percorrem o Brasil inteiro, ouvindo, vendo e aprendendo com o nosso produtor, o que é, como ele faz, quais as suas dificuldades, como se informa, como decide e o que ele quer.

Para isto é necessário que exista um grau de confiança que eu chamaria aqui de credibilidade. Credibilidade que para existir entre o produtor e o comunicador não basta apenas um olá. É preciso muito mais. É preciso confiança, empatia, conhecimento do comunicador e de toda sua família. Foi aí que eu comecei a entender o porquê de a dona Vera, com o João, permanentemente se deslocar para o interior, com seus três filhos, o Daniel, o Frederico e o Jonas, sempre presentes e tão ligados aos problemas do nosso agro. Olha, João, você e toda sua família hoje já nos pertencem porque somos todos uma grande família, a família do agro que você, livremente, escolheu para participar. E como tem participado e como tem sido dedicado o seu trabalho como nosso orientador.

Não podemos nem de leve pensar que na nova fase que se abre ao Canal Rural ele queira perder a sua atual e indiscutível credibilidade, tão árdua e duramente conquistada pela nossa RBS

Agora se vira a página e nova vida ao nosso Canal Rural. Pertence agora a um dos mais importantes elos da cadeia produtiva brasileira. O das indústrias de carnes de leite e derivados de produção, de transportes, de bancos, de exportadoras e até de multinacional, pois em tão pouco tempo, como tem sido o nosso agronegócio, se colocou como uma das maiores do mundo. Creio que muitos dos nossos companheiros do campo estejam assustados com mais esta incursão da JBS no setor de comunicação. É verdade que deveremos estar atentos, pois nas cadeias produtivas, muitas vezes, os interesses se entrechocam e quase sempre a corrente se arrebenta nos elos mais fracos.

No entanto, não podemos nem de leve pensar que, na nova fase que se abre ao Canal Rural, ele queira perder a sua atual e indiscutível credibilidade, tão árdua e duramente conquistada pela nossa emissora. Temos de dar um crédito de confiança, que pelo feitio do produtor brasileiro tem que ser desconfiando, mas atento ao que ali se passa. Afinal, sempre propugnamos para que o nosso país seja forte em seus sistemas produtivos e temos de reconhecer que a cada dia estamos ainda mais fortes. Mas, para isto, o respeito e a credibilidade têm de ser a mola-mestra.

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Por: Alysson Paolinelli
Fonte: Revista A Granja

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