Os custos da tecnologia dos produtos transgênicos e da biotecnologia

Publicado em 13/03/2013 11:26 e atualizado em 10/03/2020 13:37
Por Valdir Edemar Fries, Produtor rural em Itambé/PR.
Muito esta sendo debatido, o enfoque que temos questionado quanto aos custos das tecnologias disponíveis nas sementes, tem se resumido na questão dos royalties cobrados pela tecnologia RR, de acordo com a lei, dada por vencida em agosto de 2010.

Neste texto, quero questionar não somente os custos pagos pela tecnologia RR, mas os custos adicionais que temos de realizar com a aplicação de outros defensivos  utilizados nos tratos culturais, uma vez que certos defensivos não proporcionam a eficiência e eficacia no controle da ervas daninhas, e outros nem mesmo no controle de pragas.

Na questão SOJA RR, com a resistência das ervas daninhas como: a buva e o capim amargoso entre outras, os benefícios da tecnologia RR já não apresentam mais qualquer beneficio econômico, uma vez que além da aplicação do glifosato, temos hoje que investir em outras aplicações de defensivos dessecantes e pós emergentes, onerando os custos de produção.

A tecnologia da SOJA RR nos garantia o controle das ervas daninhas invasoras das lavouras, com o uso de um único produto (glifosato) em uma unica aplicação na pós emergência, o que nos garantia certa economia e lucratividade que compensava pagar pela tecnologia da SOJA RR. Hoje não mais, até porque as linhas de defensivos ROUNDUP fabricados pela própria MONSANTO, não apresentam mais eficiência/eficacia no controle de determinadas ervas.

Enquanto se aguarda uma decisão judicial em relação aos direitos de cobrança pela tecnologia da SOJA RR, a empresa promove e busca viabilidade de mercado de grão da nova tecnologia INTACTA. Até acontecer a liberação das sementes com a nova tecnologia, no aguardo da posição de certos mercados consumidores do produto soja, a Monsanto vem sinalizando custos pela tecnologia INTACTA.

Diretores administrativos da empresa falam em aumento de produção, o que não acredito, até porque a tecnologia RR por si só não apresenta qualquer aumento de produção quando introduzida em qualquer variedade de soja. O que existia era redução de custos com herbicidas, e a nova tecnologia INTACTA promete redução de custos na aplicação de inseticidas que o produtor rural terá quanto ao controle das lagartas, prometendo aumento da produtividade, o que também por si só não garante aumento, uma vez que o aumento de produtividade se garante com inúmeros fatores, com a melhoria genética, (não simplesmente a tecnologia transgênica), e principalmente os investimentos feitos na melhoria da estrutura e fertilidade do solo.

Pois bem, quanto devemos pagar pela tecnologia INTACTA?

Já falam em cobrar/custo de R$ 115,00 por hectare, parte por economia na aplicação de três (3) aplicação de inseticidas usados no combate a lagartas, parte pelo “aumento na produtividade” e por se tratar de uma tecnologia que leva também os “benefícios” da SOJA RR, e seguindo o velho raciocínio de marketing de mercado,  devem justificar a super valorização dos royalties da INTACTA com o tal do LEVE DOIS E PAGUE UM.

VALE PAGAR POR TAIS TECNOLOGIAS?

Devemos lembrar que a lagarta é uma das pragas que melhor podemos controlar custos através do uso da tecnologia de MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS – MIP,  já conhecido porém pouco aplicado. Outro fato, é que as três aplicação de inseticidas que deixaremos de realizar com a tecnologia INTACTA, simplesmente não poderemos mais abrir mão do uso de inseticidas na fase de desenvolvimento inicial das plantas, (ao menos que o produtor faça uso do MIP), mesmo usando do tratamento de sementes, outras diferentes espécies de insetos estão atacando as plantas de soja assim que emergem do solo e nas seguentes fases de desenvolvimento, obrigando o produtor a realizar a aplicação de defensivos não apenas para o controle das lagartas, mas para o controle do pulgão, dos ácaros, das vaquinhas, dos percevejos e outras tantas pragas que se disseminam nas lavouras de soja.

Com o uso da tecnologia INTACTA, realmente iremos ter a economia de três aplicações de inseticidas na fase de desenvolvimento vegetativo da cultura da soja?

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Fonte: Valdir Edemar Fries

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