O agro que dialoga, educa e conecta: a força das mulheres na transformação do setor, por Geni Schenkel
O agronegócio brasileiro é competitivo, tecnológico e essencial para a economia nacional. Ainda assim, enfrenta um desafio estrutural: comunicar-se melhor com a sociedade. Em um país urbano, distante da realidade do campo, o setor convive com desinformação, desconfiança e narrativas que pouco dialogam com a complexidade da produção rural. Hoje, dialogar não é acessório é condição de sustentabilidade.
Nos últimos anos, movimentos formados por quem vive o agro no dia a dia têm buscado ocupar esse espaço de mediação. O Movimento Agroligadas, criado há sete anos, reúne mulheres que atuam em diferentes áreas da cadeia produtiva e apostam na educação, na comunicação e na presença territorial como instrumentos de aproximação entre campo e cidade.
Em 2025, essa atuação ganhou escala. Foram mais de 100 ações próprias, presença em 330 eventos e cerca de 38 mil pessoas impactadas diretamente. A estratégia tem sido clara: sair do discurso interno e dialogar com públicos externos ao setor.
A educação é um dos eixos centrais desse processo. Projetos levados a 58 escolas urbanas apresentaram o agro de forma objetiva, abordando produção de alimentos, sustentabilidade e tecnologia. Quanto maior o distanciamento entre quem produz e quem consome, maior a necessidade de informação qualificada.
A comunicação regional também se mostrou estratégica. Programas em rádio e conteúdos digitais ampliaram o alcance do debate, levando informações do agro para um público que raramente acessam esse tema por outras vias.
A expansão de núcleos regionais — com novas unidades em estados do Centro-Oeste, Norte e Sudeste — reforçou o diálogo local e permitiu adaptar ações às realidades de cada território. Ao mesmo tempo, a presença institucional em Brasília, agendas com o Congresso, Embrapa e Ministério da Agricultura, indicou a maturidade do movimento e a relevância da participação feminina nos espaços de decisão.
Diante desse avanço, 2026 se apresenta menos como um ano de crescimento e mais como um período de consolidação. O desafio passa a ser aprofundar o impacto do diálogo já iniciado, ampliar ações educativas de forma estruturada e qualificar a presença do agro nos debates públicos. Em um cenário de maior cobrança por transparência, sustentabilidade e responsabilidade social, comunicar bem deixa de ser diferencial e se torna tão estratégico quanto produzir bem.
O futuro do agro brasileiro passa pela produção, mas também pela comunicação. Aproximar campo e cidade é reduzir ruídos, qualificar o debate e fortalecer a confiança social em um setor estratégico. Sem diálogo, não há sustentabilidade possível.
Geni Schenkel é produtora rural, fundadora e presidente do Movimento Agroligadas.
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