Os caminhos da erosão na chamada "agricultura de precisão", por Valdir Fries

Publicado em 29/02/2016 14:16

Ao longo das ultimas décadas a tecnologia tem proporcionado grandes facilidades aos produtores rurais. Maquinas de maior porte, equipadas com tecnologias de informática cada vez mais avançada, desenvolvidas e disponibilizadas aos produtores rurais para realizarem as operações de plantio, correção e fertilização do solo, tratos culturais e colheita com mais eficiência e eficácia.

Toda esta estrutura tecnológica de maquinas e equipamentos quando adquirida de forma planejada e utilizadas/aplicada em conformidade as condições físicas de cada propriedade, seguindo as orientações técnicas/agronômicas, certamente o produtor rural estará fazendo uso de uma tecnologia de precisão, e estará, no curto, no médio e ao longo prazo colhendo os resultados dos investimentos feitos em maquinas e equipamentos.

A pesquisa agronômica ao longo da história do desenvolvimento agropecuário, já confirmou na prática, registrou e difundiu as boas maneiras de se cultivar as lavouras proporcionando o solo para se ter cada vez mais estrutura ao solo e consequentemente aumento da produtividade.

Porém muitos dos produtores rurais, e até mesmo os técnicos responsáveis por determinadas lavouras, NÃO tem dado valor ao solo, e nem mesmo à água das chuvas que as propriedades recebem, mesmo sabendo que o maior patrimônio que temos, e se tem repetido milhares de vezes, ao que sabemos são os dois fatores de produção, é o solo, e a água.

Tomados pela chamada “agricultura de precisão” técnicos e agrônomos tem vedado os olhos e se calado diante de produtores rurais que estão realizando inúmeras praticas de cultivo, tratos culturais e colheita de forma totalmente IMPRECISA.

Todo aquele sistema de conservação do solo implantado nas propriedades, todo sistema integrado com as estradas rurais, e toda estrutura do próprio solo é colocada a perder quando se desafia a natureza.

Imagens como esta primeira vistas acima, é possível observar junto às margens de muitas estradas, são sulcos de erosão provocados pelo rodado das maquinas (ao contrário do recomendado tecnicamente), o produtor deixa de realizar as operações seguindo o traçado em nível (acompanhando o sistema de terraceamento do terreno) para realizar as operações de mecanização agrícola desafiando a topografia do terreno, subindo e descendo morro e cochilhas.

Resultado disto tudo, já podemos ver hoje e prever para o futuro, solo cada vez mais degradado, estradas que tão embora se tenha um sistema integrado de conservação com as propriedades, o sistema não comporta armazenar toda água, e toda esta água certamente, em algum dos trechos, vai provocar estragos cada vez maior…

A chamada “agricultura de precisão”, desenvolvida por muitos dos produtores rurais esta longe de ser PRECISA, e esta provocando ao longo dos períodos de chuvas, estradas cada vez mais danificadas pela erosão da malha viária, rios cada vez mais barrentos e consequentemente com seu leito mais assoreados, sem falar nas enchentes que já voltam a arrastar bueiros, danificar pontes e interditar estradas e rodovias…

O solo e a água sempre foi, e sempre serão os elementos principais na garantia da produção de alimentos, o solo e a água são nossos maiores patrimônios… Sendo assim, muitos dos responsáveis técnicos da área agronômica devem repensar o que estudaram e o que andam recomendando, para não levar determinados  produtores rurais a praticar uma “agricultura de precisão” totalmente imprecisa e destruidora.

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Fonte: Valdir Edemar Fries

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