Eduardo Campos e os ruralistas paranaenses. Sem Marina...

Publicado em 12/11/2013 15:24 e atualizado em 12/11/2013 18:15
no blog de Lauro Jardim, de veja.com.br

Campos e os ruralistas paranaenses. Sem Marina...

A aliança é programática

Depois de algumas trombadas com ruralistas por causa de declarações de Marina Silva,Eduardo Campos vai encará-los de frente num evento organizado pela Federação da Agricultura do Paraná que deve reunir 5 000 produtores rurais.

Marina Silva não está convidada.

Por Lauro Jardim

 

 

Campos e o campo

Ponte com os produtores

A propósito da reunião no Paraná, Eduardo Campos se reuniu com produtores rurais ontem, em São Paulo. No encontro, pedido por Campos a Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura de Lula, estavam líderes de segmentos como carne, laranja, batata e defensivos agrícolas do Brasil. O principal assunto foi, claro, a aliança com Marina.

Rodrigues, que foi sondado para ser vice de Alexandre Padilha na chapa do PT em São Paulo, entretanto, nega apoio a Campos. Ele afirma que, caso algum outro pré-candidato solicite, irá ajudar no diálogo com os produtores. Aécio Neves já manifestou interesse num encontro, que deve acontecer em breve. Diz Rodrigues:

- Eu sou do PCA, o Partido do Corporativismo Agrícola, e ajudo a estabelecer diálogos. A reunião de ontem foi de bom nível, a ponte entre Campos e o campo começou a ser construída, vamos ver como fica no fim.

Por Lauro Jardim

 

Para o último capítulo

Serra: desistiu de sair

Dentro do PSDB o núcleo duro de Aécio Neves costura com interlocutores de José Serra um final feliz para a novela. Aécio e sua turma comprometem-se a não se opor e a cessar as críticas públicas e de corredor às viagens de Serra Brasil afora. Beleza.

Em meados do ano que vem, Serra anunciaria num ato público, com pompa e palanque, o apoio à candidatura de Aécio, fortalecendo a chapa e deixando a imagem de que o PSDB está unido como nunca.

Aécio não teria mais de responder – pelo menos não na mesma frequência que hoje – sobre o comportamento do correligionário, e Serra saria da guerra fria consertando – ao menos em parte – a imagem de turrão e inflexível.

Em se tratando se Serra e Aécio, se metade do que está sendo combinado for cumprido, já será um avanço.

Por Lauro Jardim

Reservatórios do Nordeste: a situação é grave

Reservatório: falta de chuva

O período de chuvas já começou, mas a agonia dos reservatórios que abastecem as usinas do Nordeste permanece grande.

De acordo com números do próprio governo, os níveis dos reservatórios do Nordeste estão hoje em 23,8% (Há exatamente um ano, esse percentual era de 32.5%). E o que isso significa exatamente?

Significa que os reservatórios estão somente 0,8% acima do limite máximo estipulado (mensalmente) pelo governo para que as turbinas possam funcionar com segurança – se atingir esse limite, a solução é desligar as turbinas. No jargão do setor tal limite é chamado de curva de aversão ao risco.

Por Lauro Jardim

 

Produção em baixa

Setor em queda no Brasil

De acordo com dados oficiais, entre janeiro e setembro, o Brasil foi responsável por míseros 2,2% do total de aço produzido no mundo. E, na comparação com o mesmo período do ano passado, sua produção ainda caiu 0,6%, num mundo em que saíram dos altos-fornos das siderúrgicas mais 6,3% de aço.

No mesmo período, a China produziu metade do aço mundial, ou mais precisamente, 49,4%. Em toneladas, mais 9,6% do que em igual período de 2012.

Por Lauro Jardim

 

Aumentando a importação

Má notícia e provocação aos americanos

Wang Yang, vice-primeiro ministro chinês adiantou que o Partido Comunista aprovará o plano de reestruturação do governo. Com as novas diretrizes, a China aumentará a carga de importação da soja brasileira, reduzindo o montante de soja comprado dos EUA.

Em seguida, Yang provocou:

- Espero que os americanos não estejam espionando esta reunião.

Por Lauro Jardim

 

‘O vilão da inflação é também o da estagnação’, de Rolf Kuntz

Publicado no Estadão

ROLF KUNTZ

Esqueçam o tomate, a carne e as passagens aéreas. Não falem mal das leguminosas, dos hortigranjeiros ou dos salões de beleza. O vilão da inflação nunca será encontrado na lista de bens e serviços comprados pelos consumidores. A imagem usada pela imprensa é mera repetição de uma velha metáfora criada lá pelos anos 80 ou pouco antes. Ninguém deve entender literalmente essa figura de linguagem. O vilão existe, sim, mas é de outro tipo. É o mesmo da estagnação econômica, da irresponsabilidade fiscal e da erosão das contas externas. Em uma palavra, é o governo, embora esse nome pareça um tanto inadequado para designar a presidente Dilma Rousseff e a trupe espalhada por 39 ministérios, uma porção de estatais e outros órgãos da administração indireta.

 

Explicar e justificar uma sucessão de números muito ruins tem sido, há algum tempo, uma das principais atividades desse pessoal. Mas nenhuma retórica disfarça o péssimo desempenho fiscal de setembro, quando até o resultado primário foi negativo, ou a aceleração contínua da inflação mensal desde agosto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda classificou como bom resultado a alta de 0,57% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado. Não há nada de bom nesse número, nem se pode – ao contrário da afirmação do ministro – considerá-lo normal para esta época do ano.

Só se pode falar de normalidade em outro sentido: esgotado o efeito dos truques com as tarifas de transporte e as contas da energia, o recrudescimento da alta de preços foi absolutamente natural. Que mais poderia ocorrer, quando há um desajuste inegável entre a demanda, principalmente de consumo, e a capacidade de oferta da indústria nacional? Esse desajuste, é bom lembrar, é alimentado principalmente pela política oficial, marcada pela gastança e pelos estímulos ao consumo e reforçada pela expansão do crédito.

Sem esses fatores, nenhum aumento do preço do tomate ou da carne bovina produziria um impacto tão amplo sobre todos os mercados. Além disso, o efeito da depreciação cambial seria muito menos sensível, como tem sido em outras economias emergentes. Aquelas, como a da Índia, com problemas graves de inflação, têm também, como o Brasil, sérios desajustes fiscais e limitações importantes do lado da oferta.

O efeito da demanda é também evidente na evolução dos preços dos serviços, com alta de 0,52% em outubro e 8,74% em 12 meses. No caso dos bens, o aumento de preços tem sido atenuado, em parte, pela importação crescente, mas essa é uma solução inviável quando se trata de aluguel residencial, conserto de automóvel, consultas médicas ou serviços de manicures, para citar só alguns itens de uma lista muito ampla de atividades. O mesmo desequilíbrio entre a demanda crescente e a capacidade de oferta muito limitada reflete-se também no déficit comercial de US$ 1,83 bilhão acumulado de janeiro a outubro. Nesse período, o valor exportado, US$ 200,47 bilhões, foi 1,4% menor que o de um ano antes, pela média dos dias úteis, e o gasto com importação, US$ 202,3 bilhões, 8,8% maior.

O aumento das compras de petróleo e derivados – diferença de US$ 6,64 bilhões de um ano para outro – foi um fator importante, mas o total da importação foi determinado principalmente por outros fatores. A elevação de US$ 17,29 bilhões na despesa com bens estrangeiros refletiu acima de tudo os desajustes internos e especialmente a perda de eficiência da economia nacional.

Não há como disfarçar a redução da produtividade e do poder de competição, resultante principalmente de uma coleção de falhas da política econômica. A agropecuária ainda é produtiva em grau suficiente para compensar os problemas sistêmicos da economia brasileira e conquistar espaços no mercado internacional. A maior parte da indústria tem sido incapaz de vencer esses obstáculos. Os mais comentados são as deficiências de infraestrutura e a tributação irracional, mas a lista é ampla e um dos mais importantes, embora nem sempre lembrado, é o despreparo da mão de obra.

Há pouco tempo a Confederação Nacional da Indústria divulgou pesquisa sobre a escassez de trabalhadores qualificados para o setor de transformação. Outra sondagem, nesta semana, tornou o quadro ainda mais dramático: 74% das empresas de construção consultadas indicaram dificuldades para encontrar pessoal aproveitável. Quase todo esse grupo – 94% – reclamou da escassez de trabalhadores preparados até para serviços básicos, como os de pedreiro e ajudante.

Em outros tempos, a construção exercia, entre outras, a função estratégica de absorver pessoal de baixa qualificação. Isso mudou. As construtoras progrediram tecnologicamente e a educação ficou para trás, principalmente nos níveis fundamental e médio. Pessoas um pouco mais atentas apontaram a má escolha do objetivo, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu cuidar prioritariamente do acesso a faculdades, por meio de bolsas, cotas e maior oferta de vagas. O País paga caro, hoje, por essa decisão obviamente demagógica e eleitoreira.

Ninguém deve esperar grandes avanços na política educacional em curto prazo. No Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff repetiu, como se fosse algo muito bom, uma ameaça muito ouvida nos últimos tempos: por meio dos recursos do petróleo, a educação será transformada no “caminho fundamental” do desenvolvimento. Essa é uma assustadora conversa mole. O Brasil precisa de educação há muito tempo, é preciso cuidar do assunto imediatamente e há recursos mais que suficientes para isso. Apostar no hipotético dinheiro do pré-sal equivale a encontrar mais uma desculpa vergonhosa para nada fazer de sério pela educação.

Fonte: Blog Lauro Jardim (site de veja)

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