Infraestrutura é o principal desafio para o agronegócio em 2014

Publicado em 06/01/2014 07:34

O grande desafio para o agronegócio em 2014 é a infraestrutura logística, disse à Agência Brasil a economista Daniela Rocha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. “A produção tem aumentado por causa dos avanços tecnológicos, mas a gente está com dificuldade de escoar”, disse Daniela.

O Brasil apresentou produtividade elevada em todos os produtos no ano passado, e a melhoria vai continuar este ano em quantidade - não em ternos de área plantada, mas devido aos avanços tecnológicos implantados. Os problemas de infraestrutura impedem que o país tenha condições adequadas para escoar a produção.

Daniela admitiu que os leilões de concessões na área de infraestrutura de transportes são a única alternativa para melhorar o escoamento da produção. Ela avaliou que o governo federal deu o pontapé inicial para solucionar a questão com as concessões de portos, rodovias, aeroportos e ferrovias, mas indicou que os resultados dos primeiros leilões só deverão ser notados “daqui a três ou quatro anos”.

A economista destacou que em vez de os investimentos serem direcionados de forma maciça para rodovias, o governo deveria dar prioridade a combinações entre os diversos meios de transporte da produção, como rodovia/hidrovia ou hidrovia/ferrovia, por exemplo.

Daniela Rocha explicou que o planejamento do transporte no Brasil foi voltado para o setor rodoviário. “Você pode começar a diminuir isso, a partir de melhorias nos portos”. Acrescentou que se houver condições de algumas hidrovias serem utilizadas, como as do Rio Madeira, em Rondônia, e do Rio Tocantins, no Tocantins, poderão ser feitas combinações na área logística de transportes.

“Não pode ser só rodovia, porque tem a questão da quilometragem. O ideal é fazer combinações, senão o custo do frete vai sair elevadíssimo”, observou. Ela acredita, entretanto, que o Brasil está no caminho certo.

O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, compartilha a opinião. Ele disse à Agência Brasil que a infraestrutura de transporte “é um desafio bastante grande” para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, “porque à medida que a safra vai tendo sucesso, o gargalo vai ficando cada vez maior”.

A solução do problema passa também pela armazenagem, apontou. “Já tem um programa do governo de financiamento com juros subsidiados”. Isso sinaliza para o aumento do número de armazéns, fazendo com que o escoamento da safra não ocorra de uma só vez. “Ela tem que escoar gradualmente e não imediatamente após a colheita. A armazenagem serve para haver escoamento mais tranquilo”.

Alvarenga enfatizou que outro problema que inibe o desenvolvimento do agronegócio é a demarcação de terras indígenas, principalmente no Mato Grosso do Sul e na Amazônia. “A gente vai continuar tendo os conflitos até que o governo tome a decisão de interromper o frenesi da Fundação Nacional do Índio de demarcar terras indígenas”. Segundo ele, existe “demarcação exagerada” de terras indígenas.

Para Daniela Rocha, a perspectiva é de aumento da safra este ano, “principalmente porque 2013 não foi tão bom em termos de preços”. Números da Companhia Nacional de Abastecimento estimam crescimento em torno de 10% para a soja e 5% para grãos em geral, em 2014. Para o milho, a projeção é recuo de 3% para as duas safras.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística prevê expansão de 9% para a produção de soja e queda de 7,1% para o milho primeira safra. Para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, que englobam algodão, amendoim, arroz, feijão, milho e soja, o instituto estima aumento de 4,7%, informou Daniela Rocha.

Antonio Alvarenga avaliou que os preços das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) deverão mostrar um pequeno declínio, tendendo para uma acomodação nos preços dos grãos. Isso será parcialmente compensado pelo dólar mais alto, indicou. “Muito provavelmente, o dólar no final do ano de 2014 estará na faixa de R$ 2 a R$ 2,50. Isso significa um valor bem melhor do que foi a comercialização da safra no ano passado. Ou seja, cai um pouco o preço das commodities, mas melhora a cotação do dólar”.

Fonte: Agência Brasil

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Leonardo, direto do estande da LS Tractor na Agrishow 2024, relaciona sua carreira na música com seu amor pelo agronegócio
Mercado global de arroz se estabiliza, clima imprevisível preocupa, diz Dreyfus
Agricultura Digital e a transformação da gestão à produtividade nas fazendas
Com novo implemento, velocidade da plantadeira pode dobrar e chegar a 16km/h
Com 20 dias sem chuvas, Nuporanga/SP já tem problemas no milho e sorgo