Ubrabio prevê prejuízos para o setor com o fim dos leilões de biodiesel em 2022

Publicado em 21/10/2021 09:24 e atualizado em 01/11/2021 14:36

O presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés, lamentou que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) não tenha decidido alongar o prazo para realização dos leilões de biodiesel até a solução da questão tributária conforme solicitado pelo Confaz. Durante reunião nesta quarta-feira (20) o colegiado retirou de pauta a proposta de prorrogar o atual modelo comercialização do biocombustível.

“O governo vacila na implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e desconsidera os investimentos feitos pelas indústrias que acreditaram na previsão legal de aumento de mistura até chegar em 15% em 2023 de biodiesel ao diesel, conforme garantido pelo ministro Bento, do MME” disse Diego Ferrés.

Segundo Ferrés, o atual modelo de comercialização de biodiesel, via leilões, é o mais moderno e transparente, garante preço justo, o abastecimento necessário e adequado.

A Ubrabio defende que o novo modelo de comercialização do biodiesel só seja adotado após a implantação de um sistema tributário neutro, que permita a compensação do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelas indústrias que ficariam com o crédito do tributo recolhido sobre as vendas do biodiesel. A falta de compensação do ICMS provocaria, como consequência, um aumento no preço final do diesel ao Consumidor.

O presidente da entidade que representa mais de 40% da produção de biodiesel do país ressaltou que a decisão do CNPE de acabar com os leilões do biocombustível ao diesel de petróleo ocorre no momento em que uma nova safra recorde de soja começa a ser colhida e haverá, nos próximos meses, um aumento na oferta do óleo, principal matéria prima do biodiesel, com tendência de queda nos preços.

“Vemos tudo de bom nesta retomada da economia pós-pandemia, com um forte aumento na produção de soja, exceto nas decisões do governo que demonstra uma falta de gestão adequada, cedendo a interesses menores”, criticou Ferrés.

O presidente da Ubrabio exige uma explicação convincente do governo que, com suas decisões, privilegia um reduzido grupo de importadores de diesel fossil, prejudicial à saúde, por com o fim dos leilões do produto.“De um lado, uma repressão injustificável a um setor pujante, que produz um combustível limpo e renovável. Do outro, o privilégio de poucos importadores de diesel fóssil de péssima qualidade, que compromete a saúde pública dos brasileiros e provoca mortes”, alertou o empresário.

S 500

Juan Diego Ferrés lembrou que, ao limitar o percentual do biodiesel ao diesel de petróleo e acabar com os leilões, substituindo o modelo por comercialização direta, o governo privilegia os importadores e a entrada no Brasil do diesel S 500, que lança na atmosfera 500 partes por milhão de enxofre.
“Este diesel importado é de baixa qualidade e mantém a sociedade brasileira refém de um combustível que significa doenças graves e mortes”, lamentou Ferrés.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Be8 anuncia aquisição de usina de biodiesel em MT; produção no Brasil deve crescer mais de 40% em 2025
Vibra inicia oferta de SAF para aviação comercial no Brasil, com 2 voos diários na Bahia
Na COP30, a agricultura mostrou seu potencial para impulsionar uma verdadeira revolução de combustíveis sustentáveis na próxima década
Governo Trump pode adiar cortes nos créditos de importação de biocombustíveis
Para CNA, decisão do STF evita prejuízos ao RenovaBio
Alta do biodiesel pressiona preço do diesel: variação chega a 57% entre 2020 e 2025