Custo reduz, mas margem do confinador será apertada em 2017

Publicado em 15/02/2017 09:21

O enfraquecimento nos preços do milho e do farelo de soja devem garantir custos mais amenos à nutrição dos bovinos no período do confinamento. Do mesmo modo a valorização do real frente ao dólar permite que os pecuaristas adquiram insumos desembolsando menos neste ano. Além disso, o aumento na disponibilidade dos animais de reposição enfraqueceu o preço do boi magro, também permitindo custos menores no ciclo.

Porém, aliado a esses benefícios a pecuária de corte vivencia em 2017 um ciclo de baixa da atividade. A expectativa dos analistas é de que os preços da arroba do boi gordo fiquem abaixo dos patamares observados no ano passado.

Toda essa conjuntura, na visão do gerente de confinamento da Usina Estiva (SP), Antônio Domingos Neto, deve indicar um ano difícil de rentabilidade ao pecuarista.

Embora muitos produtores já estejam adquirindo milho entre R$ 32 a R$ 34/sc no interior de São Paulo e o farelo de amendoim - bastante consumido na região - tenha caído de R$ 1.200 a tonelada para R$ 800/t, a arroba futura do boi gordo "está até R$ 20 menor neste ano", diz.

O contrato outubro/17 - referência para os negócios de confinamento - negociado na BM&F, fechou na terça (4) cotado a R$ 144,70/@, queda de 0,10% em relação ao dia anterior. No ano passado, os negócios futuros para o mesmo período indicavam arroba bovina próximo a R$ 160.

Neto ressalta que o cenário é ainda pior aos pecuaristas que fizeram a recria com bezerros adquiridos no ano passado, entre R$ 2.100 a R$ 2.000/cab. "Nesses casos a conta será difícil de fechar, por isso acredito que ao contrário de 2016, teremos um primeiro giro pior em termos de rentabilidade neste ano", alerta.

Diante dessas dificuldades, o gerente diz acreditar que o confinamento cairá de 10% a 15% em 2017, contrariando as expectativas da Assocon (Associação Nacional de Pecuária Intensiva).

O CEO da Associação, Fernando Saltão, afirmou ao Notícias Agrícolas que o volume de confinamento deve voltar a casa das 400 milhões de cabeças neste ciclo, retomando o nível dos anos anteriores. "O pecuarista trabalha com custo menor e uma expectativa de retomada do crescimento da demanda no segundo semestre, por isso acreditamos que voltarão apostar no confinamento", diz.

Contudo, Neto afirma já ter ouvido relatos de pecuaristas que não farão o primeiro giro. Além disso, "estamos com dificuldade de travar contratos de boi, a bolsa tem pouca movimentação uma vez que as indústrias também estão apreensivas com o andamento da demanda no decorrer dos próximos meses".

"Os frigoríficos estão fazendo negócios apenas sem contrato, ou seja, com valor abaixo da BM&F, o que dificulta ainda mais a equalização das contas", acrescenta Neto.

Por: Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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