Em MT, custo de produção do boi supera rentabilidade

Publicado em 24/08/2010 16:27
Segundo o IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) a remuneração da pecuária de corte não cobre os custos totais de produção no Mato Grosso, incluindo os desembolsos com a criação e o capital investido em terras, máquinas e benfeitorias.
 
O diretor superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, explica que na maioria das regiões analisadas pelo Imea a remuneração da pecuária não permite que o criador se capitalize para realizar novos investimentos na atividade, como a adoção de tecnologias para melhorar o rendimento do rebanho.
 
Segundo o estudo, das 17 regiões de pecuária de corte analisadas, somente em Juará, em Pontes e Lacerda e em Tangará da Serra a remuneração obtida pelos produtores nos últimos 12 meses foi suficiente para cobrir o gasto total.
 
A situação melhora quando se compara a renda com o custo operacional. Apenas na Baixada Cuiabana, Barra do Garça e São Félix do Araguaia os valores recebidos na venda do boi gordo ficaram abaixo dos gastos operacionais, que inclui a compra de animais, suplementação, controle
sanitário, mão-de-obra, pró-labore etc.
 
Na média estadual, considerando os preços dos últimos 12 meses, em nenhum sistema de produção o criador consegue resultado positivo. No sistema de cria (produção de bezerros) o lucro é de 13,3% em relação ao custo operacional, mas a perda é de 14,1% ante o custo total. No sistema de engorda (compra de bezerros e venda de boi gordo), o estudo mostrou lucro de 9,0% em relação ao custo operacional e prejuízo de 6,4% em relação ao total. No sistema completo (cria, recria e engorda) a margem é positiva em 7,8% sobre o custo operacional e o prejuízo de 25,7% em relação ao total.
 
Vacari observa que é a primeira vez que os criadores de Mato Grosso dispõem de um estudo confiável sobre a média do custo de produção, levando em conta as diversas características da pecuária de
corte do Estado. Os dados, diz ele, permitirão ao setor reivindicar ao governo federal a adoção de políticas públicas de apoio a pecuária de corte, como o financiamento para a recuperação de pastagens degradadas. Ele estima que existem entre 5 a 8 milhões de hectares de pastagens
degradadas em Mato Grosso, que poderiam ser incorporadas ao processo produtivo, sem a necessidade de abertura de nova áreas.
 
O superintendente do Imea, Otávio Celidonio, comenta que o estudo demonstra a necessidade de melhor gestão da pecuária de corte, pois muitas vezes o criador acha que está lucrando, quando na verdade trabalha com prejuízo. Ele diz que isto acontece muitas vezes com criadores que têm a pecuária de corte como atividade secundária. "Eles poderiam obter melhor rendimento caso aplicassem seus recursos em outros investimentos", diz Celidonio.
 
O levantamento do Imea mostrou que a melhor rentabilidade da pecuária de corte ocorreu nas regiões onde os criadores têm maior escala de produção, como em Pontes e Lacerda, onde a média foi de 3.862 animais por propriedade. A menor rentabilidade foi na Baixada Cuiabana, onde a média é de 806 animais por propriedades. No levantamento, o Imea considerou um grupo de propriedades que possuem entre 1.001 a 3.000 cabeças, que representam 25% do universo total das 100 mil fazendas de criação de gado existentes em Mato Grosso. O estudo não incluiu os custos dos confinamentos, que serão alvo de uma nova pesquisa.
 
Luciano Vacari afirmou que no final do ano a Acrimat irá comparar os dados do estudo do Imea com as informações fornecidas pelos 231 criadores que já aderiram ao Programa Gestão de Propriedades (GPS), desenvolvido pela entidade. O programa possibilita ao produtor identificar os índices financeiros, econômicos e técnicos do sistema de produção, o que facilita a identificação de possíveis gargalos na atividade. O programa conta com acompanhamento técnico de consultores contratados pela Acrimat.

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Fonte: IMEA

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