Exportações de carne bovina crescem 50% em novembro e sinalizam recorde histórico para o ano, diz Abrafrigo
As exportações do setor de carne bovina, em novembro de 2025, cresceram 50% em relação ao mesmo mês do ano anterior, mantendo o elevado ritmo de crescimento que vem sendo observado ao longo do ano. No mês, as vendas externas de carne bovina in natura e industrializada, miudezas comestíveis e outros subprodutos alcançaram US$ 1,874 bilhão, terceiro melhor resultado do ano, sinalizando para um novo recorde em 2025, com receitas que devem superar a marca de US$ 18 bilhões. Em volume, a movimentação foi de 361.885 toneladas (+ 30%). A informação é da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), que compilou os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No ano passado, em novembro, as exportações tiveram receita de US$ 1,249 bilhão e movimentação de 279.207 toneladas.
Faltando ainda contabilizar as vendas do mês de dezembro, com o final das tarifas punitivas aplicadas pelos Estados Unidos à carne bovina brasileira e manutenção do ritmo de compras pela China, além do crescimento de outros mercados como México, Rússia, União Europeia e Chile, as exportações totais de carne bovina em 2025 deverão ultrapassar US$ 18 bilhões e se aproximar de 4 milhões de toneladas embarcadas. No acumulado até novembro, segundo a Abrafrigo, a receita já atingiu US$ 16,530 bilhões (+37,5%) e 3,510 milhões de toneladas (+19%).
As vendas para a China, nosso principal comprador, cresceram 48% até novembro de 2025, em relação aos primeiros 11 meses do ano anterior, somando US$ 8,029 bilhões, com embarques de 1,499 milhão de toneladas (+23,65%). A participação das exportações de carne bovina in natura para o mercado chinês, em relação ao total exportado, aumentou para 54% na parcial até novembro de 2025, ante uma participação de 51% no mesmo período do ano anterior. Os valores médios de exportação de carne bovina in natura para a China subiram 19,5% neste ano, passando de US$ 4.482 por tonelada (média de janeiro a novembro de 2024) para US$ 5.355 por tonelada (média de janeiro a novembro de 2025). Esse aumento nos preços médios de exportações reflete movimentos nos preços do boi gordo no Brasil, que vêm subindo em virtude de fatores como uma mudança no ciclo pecuário, que sinalizam para uma oferta mais restrita da matéria prima e preços mais elevados no próximo ano. Somado a isso, há preocupações no mercado com possíveis restrições ao comércio que venham a ser decretadas pelo governo chinês em razão do processo de investigação de salvaguardas que vem sendo conduzido pelo Ministério do Comércio (MOFCOM) do país asiático, previsto para ser concluído no dia 26 de janeiro de 2026, após 2 prorrogações ocorridas em agosto e novembro deste ano.
As vendas para os Estados Unidos, segundo maior destino das exportações de carne bovina, ainda não se recuperaram das tarifas adicionais que vigoraram entre agosto e novembro deste ano. Em novembro, as exportações de carne bovina in natura para os Estados Unidos recuaram 58,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, contabilizando US$ 62 milhões. No mesmo mês, as vendas de carne bovina industrializada recuaram 48%, para US$ 22,2 milhões, enquanto as vendas de sebo industrializado caíram 56,8%, para US$ 8,094 milhões. Apesar disso, as vendas totais para o país norte-americano cresceram 26,65% no período de janeiro a novembro de 2025, frente ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 1,889 bilhão. A expectativa é de que as vendas mensais de carne bovina para os Estados Unidos voltem a crescer a partir deste mês de dezembro, após a retirada total das tarifas adicionais por parte governo de Donald Trump.
A União Europeia, considerando um único mercado, é o terceiro maior comprador da carne bovina brasileira. As vendas para o bloco europeu aumentaram 70,9% em receitas e 52% em volume no período de janeiro a novembro de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Foram US$ 946,9 milhões e 116,3 mil toneladas embarcadas para aquele mercado, com valores médios de exportação que alcançaram US$ 8.380 por tonelada de carne bovina in natura embarcada. O bloco europeu representou, de janeiro a novembro deste ano, 3,3% em volume e 5,7% em receitas com exportações de carne bovina. Há expectativas positivas para o setor com a possibilidade de assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, com perspectiva de ocorrer em janeiro de 2026. No entanto, essas expectativas são acompanhadas de preocupações com as duras regras de salvaguardas previstas no acordo e que vêm sendo objeto de novas discussões na Comissão Europeia, em função da pressão realizada pelos produtores europeus, os quais temem perder espaço para a carne do Mercosul, de melhor qualidade e maiores volume e competitividade. As regras de salvaguarda que já eram excessivamente restritivas em versões anteriores do acordo podem ficar ainda piores e dificultar as vendas de carne bovina para o mercado europeu, anulando em parte os possíveis ganhos com o tratado, que já vem sendo negociado há mais de 20 anos, e frustrando as expectativas do mercado. A isso se somam inúmeras outras dificuldades para exportar para o bloco europeu, como a dificuldade de aprovação de novas áreas para exportações, sendo que atualmente o Brasil é livre de febre aftosa sem vacinação – com reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), e novas exigências como a EUDR, lei europeia que exige a comprovação de que o produto exportado (no caso de carne bovina, desde o nascimento do bezerro) não provém de áreas desmatadas a partir de janeiro de 2020, mesmo que de forma legal, conforme dispõe a legislação brasileira.
No terceiro lugar como país individual veio o Chile, com compras de 96.896 toneladas e receita de US$ 461,2 milhões em 2024, até novembro. Em 2025 as aquisições foram a 118.326 toneladas (+22,1%), proporcionando uma receita de US$ 654,6 milhões (+ 41,9%). A quarta posição foi ocupada pelo México, que saiu de uma movimentação de 43.153 toneladas e receita US$ 201 milhões no ano passado para 113.378 toneladas (+ 162,7%) e receita de US$ 619 milhões (+207%) em 2025. Em quinto lugar entre os 20 maiores importadores veio a Rússia que adquiriu 79.083 toneladas com receita de US$ 281,2 milhões em 2024 e comprou 117.279 toneladas (+48,3) e pagou por elas US$ 500 milhões (+ 77,8%). Ressalte-se, em 2025, além do México, o crescimento da Indonésia que saiu de 9.668 toneladas e receita de US$ 44,3 milhões em 2024 para 38.501 toneladas (+ 298,2%) e receita de US$ 139, 3 milhões em 2025 (+ 214,3%). No total, foram 179 países compradores da carne bovina brasileira sendo que 137 países tiveram crescimento nas suas importações, enquanto outros 42 diminuíram suas aquisições.
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