Conilon: Momento é favorável à exportação e café brasileiro está mais competitivo no mercado

Publicado em 04/06/2020 15:32 e atualizado em 04/06/2020 16:41

Somente em abril de 2020 o Brasil exportou 313 mil sacas de 60 quilos do café tipo Conilon, a expectativa é que as exportações brasileiras continuem em alta e de acordo com o analista de mercado Fernando Maximiliano, da INTL FC Stone, o momento é favorável para as exportações, tanto pela alta do dólar, mas principalmente porque o café Conilon produzido no Brasil está mais competitivo no mercado. 

A produção brasileira está entre as três principais fornecedoras de café Conilon do mundo, ficando atrás da Indonésia (segundo maior exportador) e pelo Vietnã. Os concorrentes de produção passam por momentos mais delicados, o que também contribui para aumentar a procura pelo Brasil. Segundo Maximiliano, o Vietnã está em um momento de entressafara, ou seja, com pouca oferta no mercado e no caso da Indonésia, a colheita está em pleno acontecimento, mas o país enfrenta problemas climáticos e as recorrentes chuvas atrapalham esse trabalho. 

Além das questões pontuais, Fernando destaca que o momento é favorável para as exportações muito pela forte oferta com a entrada da nova safra. A expectativa da FC Stone é que o Brasil tenha uma produção de cerca de 18 milhões de sacas na safra 2020/21. Maximiliano explica ainda que o diferencial de base, ou seja, a diferença de preço entre a praça produtora e a Bolsa de Londres, é o que tem tornado os preços do Brasil mais atrativos.

Neste momento o café brasileiro é o que está mais em conta para grandes compradores como a Europa, por exemplo. "Para quem está comprando em dólares, pagar o real é mais barato para quem está na Europa do que comprar do Vietnã ou da Indonésia e a gente já viu esses reflexos nas exportações. Em abril aumentou muito, esse mês a gente ainda espera os dados do Cecafé, mas a expectativa é que as exportações continuem fortes para o Conilon", comenta. 

Os números chamam atenção do mercado, porque segundo o analista, esse é um cenário diferente do que o produtor brasileiro encontrou nos últimos anos. Ele destaca que é importante lembrar que além de produtor, o Brasil também é um grande consumidor e briga com países como o Estados Unidos quando o assunto é consumo.

"O café arábica tem uma produção muito grande e essa produção atende a demanda nacional e interncional. Já a produção do café conilon é um pouco menor e em 2016 quando tivemos a seca, que abalou a oferta do Conilon, a indústria precisou desse café e o mercado interno teve que pagar um preço para o café ficar dentro do mercado nacional", explica o analista. O cenário agora também é diferente, tendo em vista que caso se confirme as previsões, o Brasil terá café suficiente tanto para consumo interno, como para exportação. 

Com base no fechamento da sexta-feira (29), Fernando destaca que agora é o Vietnã quem está pagando para o café permanecer no mercado interno do país. Os números mostram ainda que atualmente o café vietnamita está cerca 170,00 dólares por tonelada acima da cotação feita na Bolsa de Londres.

Já os preços da Indonésia quase não apresentam diferença e no caso do Brasil, o preço está 99 dólares por tonelada mais barato do que a referência da Bolsa. "Essa diferença já estreitou com a queda do dólar, esse ambiente agora é favorável, mas se o dólar cair muito a situação muda. Por isso que as exportações estão fortes e a gente espera que continue nesse nível", afirma. 

Segundo a FC Stone, a colheita nas principais regiões produtoras do país acontecem sem maiores problemas e o analista acredita que os números de produção podem chegar bem próximo ao estimado pela consultoria. "De uma visão gerão do Conilon a gente não está vendo problemas com a colheita e você vê que o sentimento do mercado é de uma boa safra", afirma o especialista. 

Se falando em preços no mercado físico, o café tipo Conilon, neste momento, apresenta uma alta de 16% acima da média histórica dos últimos dez anos. Segundo Fernando, em 2010 a saca era comercializada por R$ 296,00 e na última semana os negócios foram fechados por R$ 345,00, com base nos indicadores do Cepea. "O preço ainda está em um patamar legal para o produtor, então ele está vendendo e ainda tem o fato do café do Brasil estar mais barato", finaliza. 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Falta de chuva no BR faz futuros do café arábica fecharem sessão desta 5ª feira (04) com ganhos de 2%
Preço médio das exportações de café não torrado dispara 46% em novembro/25 frente ao mesmo período do ano passado
Região da Alta Mogiana registra boa florada do café, mas qualidade da próxima safra preocupa os produtores
Baixos estoques pressionam os futuros do café, que trabalhavam com ganhos no início da tarde desta 5ª feira (04)
Conab: Com maior safra de conilon, produção de café é estimada em 56,5 milhões de sacas em 2025
Ministro Fávaro recebe setor cafeeiro para alinhar estratégias de promoção internacional e financiamento da atividade