Tempo: Mapa do NOAA confirma mudança de padrão com retorno das chuvas ao BR central para os próximos dias

Publicado em 20/09/2019 10:30
Apesar da tendência de maior abrangência das chuvas sobre áreas centrais do Brasil, incluindo o cinturão de grãos, volumes serão fracos a moderados


Imagem de satélite nesta sexta-feira (20) em todo o Brasil - Fonte: Inmet

A nova atualização dos mapas de tendência de chuvas do Centro Nacional de Previsão Ambiental dos EUA, ligado a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês), confirma o retorno das chuvas para áreas centrais do Brasil nos próximos dias. Os volumes, no entanto, ainda serão baixos.

No período de 20 a 28 de setembro, o mapa do centro de previsão meteorológica norte-americano mostra que as chuvas tomam praticamente todo o país, com precipitações altas a moderadas em áreas da região Sul, Sudeste, Norte e até partes do Nordeste. No Centro-Oeste, as chuvas serão leves a moderadas.

Heráclio Alves, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), explica que essa condição pode ser caracterizada uma mudança no padrão meteorológico visto no país nos últimos meses. O Notícias Agrícolas levantou que áreas produtoras de grãos e café estavam sem chuvas há mais de quatro meses.

Veja o mapa com a tendência de precipitação acumulada para o período de 20 de setembro até 06 de outubro:


Fonte: National Centers for Environmental Prediction/NOAA

"Essa mudança deve se concentrar entre os dias 26 e 27 de setembro sobre áreas centrais do país. A chuva avança pelo Mato Grosso do Sul, depois áreas de Goiás e Mato Grosso. No dia 28, até o Sul da Bahia deve ser beneficiado com precipitações", afirma Alves ao destacar a tendência de melhor padrão para os próximos dias.

Apesar do retorno das chuvas em áreas centrais do Brasil, o meteorologista ressalta que os volumes ainda não tendem a ser tão expressivos. Produtores de grãos, principalmente os sojicultores, aguardam pelas chuvas para iniciar o plantio da safra 2019/20. No café, as lavouras também sofrem.

"Pela configuração do modelo, podemos ter chuvas em áreas centrais do Brasil entre 20 e 25 milímetros, em forma de pancadas, mas como está muito quente isso pode variar muito, com chances até de ventos e chuvas mais intensas em algumas regiões", destaca Alves.

Além do modelo norte-americano do NOAA, o GFS, o modelo Cosmo do Inmet também aponta o retorno das chuvas para áreas centrais do país nos próximos sete dias, mas é mais moderado quanto a abrangência. O Cosmo prevê chuvas fortes sobre as regiões Norte, Sul e Sudeste, mas também aponta baixos volumes no Centro-Oeste e Nordeste.

Veja o mapa de previsão de precipitação acumulada dos próximos sete dias em todo o Brasil:


Fonte: Inmet

"O GFS é mais otimista. Nele, as chuvas se espalham mais. Porém, tanto o modelo americano quanto o brasileiro mostram chuvas para o período, o que é uma coisa boa", explica Alves. No final do mês e início de outubro, no entanto, é preciso ficar atento para chuvas, mas com um possível cenário de irregularidade.

Áreas da região Sul chegaram a registrar chuvas nas últimas horas, mas os níveis de umidade ainda não são suficientes para a largada do plantio. "Esse ano o produtor está segurando o plantio pra esperar uma melhor umidade do solo, para não arriscar tanto.Tem produtor que planta no pó, mas não é o ideal", disse Marcelo Garrido, economista do Deral ao Notícias Agrícolas. 

Para poder iniciar o plantio, é necessário que chova pelo menos 50 milímetros. "A gente tem algumas expectativas de precipitação para algumas regiões do estado no fim de semana e está todo mundo torcendo para que elas se concretizem", afirma.

Além do plantio tardio, os produtores da região também estão com receio de que as condições climáticas também afetem o plantio do milho safrinha. "A situação pode frustrar os produtores que tinham a intenção de plantar bem cedo a soja pra plantar o milho na segunda safra e colher antes", comenta.

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Veja o mapa de precipitação acumulada dos últimos 90 dias em todo o Brasil:


Fonte: Inmet

O cinturão produtivo de café do Brasil também está sendo impactado pelas altas temperaturas e baixos volumes de chuva em pleno desenvolvimento da safra comercial 2020/21. Dados do Sismet, sistema de monitoramento agrometeorológico da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), mostram que cidades produtoras estão há quatro meses sem chuvas volumosas.

"A situação das lavouras está ficando bastante complicada. As temperaturas estão altas e há falta de chuvas, o que faz com que algumas lavouras já comecem a murchar. Se não tivermos precipitações até o final da próxima semana a situação fica muito catastrófica", afirma o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.

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Nesta quinta-feira (19), os maiores volumes de chuva foram registrados na região Sul, inclusive com granizo (Veja imagens abaixo). Os cinco maiores em todo o Brasil foram em Irati (PR): 52,9 mm, Curitiba (PR): 43,4 mm, São Mateus do Sul (PR): 36,4 mm, Itajaí (SC): 30,6 mm e Morretes (PR): 30 mm.

O mapa de umidade do solo do Centro Nacional de Previsão Ambiental dos EUA, ligado ao NOAA, mostra uma condição bastante irregular de água no solo em áreas centrais do Brasil. No Sul, a condição é melhor com níveis entre 50 e 70 centímetros, mas também com muita irregularidade pelo estado.

Veja o mapa de umidade no solo por centímetros no Brasil:


Fonte: National Centers for Environmental Prediction/NOAA


Chuva de granizo ontem em Guarapuava (PR). Envio de Ildefonso Asec


Morangos em Alto Paraguaçu em Itainópolis (SC). Envio de Paulo Marcelo Adamek


Granizo em Itainópolis (SC). Envio de Paulo Marcelo Adamek

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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