Milho: Diante da desvalorização no câmbio e o retorno das chuvas, preços na BM&F têm novo dia de queda forte

Publicado em 26/11/2014 16:35

Na BM&F Bovespa, a sessão desta quarta-feira (26) foi de quedas expressivas. As principais posições do milho terminaram o pregão com desvalorizações entre 0,54% e 2,66%, pelo terceiro dia consecutivo. O vencimento março/15 era cotado a R$ 29,31 a saca.

Para o consultor de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, os fatores que impulsionaram os preços nos últimos 40 dias começaram a perder força, por isso, as cotações estão pressionadas. As cotações foram impulsionadas pela valorização do câmbio, que chegou a R$ 2,60 recentemente, e o atraso das chuvas no Centro-Sul do país, que dificultaram o plantio da safra de verão.

Nesta quarta-feira, a moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 2,50, com perda de 1%. O mercado ainda espera pelo anúncio oficial sobre a nova equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Na mínima da sessão, o valor alcançou R$ 2,4960, conforme informações da agência Reuters.

Além disso, as chuvas retornaram para boa parte das regiões produtoras do país. Até o momento, as previsões climáticas, para os dias 26 a 30 de novembro, indicam mais precipitações, especialmente entre o Sudeste e Centro-Oeste, segundo dados da Somar Meteorologia. No período, o volume acumulado pode ficar entre 30 até 130 mm, em algumas localidades das regiões.

Entre os dias 1 a 5 de dezembro, as precipitações ainda ficarão concentradas no Sudeste e Centro-Oeste. Grande parte de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e partes de Mato Grosso devem registrar um acumulado de 50 a 70 mm. Na divisa de MG e GO, o volume pode ultrapassar os 100 mm, chegando a 130 mm.

Para a região Sul, as chuvas deverão ficar entre 15 a 30 mm no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, o volume será ao redor de 30 mm, enquanto que no Paraná, boa parte do estado receberá precipitação de 30 mm, porém, algumas localidades podem receber maior volume, até 50 mm.

Já entre os dias 6 a 10 de dezembro, as chuvas ainda ficarão mais evidentes nos estados do Amazonas, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, com volumes entre 30 até 70 mm. Na região Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, são esperados volumes entre 15 a 30 mm.

"Agora com a retomada das chuvas e uma acomodação cambial, os preços voltam a se acomodar também. Possivelmente, iremos fechar o ano com preços de mercado abaixo dos registrados nos portos. Nesse momento, ainda é mais interessante vender o produto no mercado interno do que na exportação, em função da diferença entre os valores praticados", orienta o consultor.

Por outro lado, o analista de mercado da Cerrado Corretora, Mársio Antônio Ribeiro, também sinaliza que, a redução no volume exportado e a conclusão no plantio da soja reduzem um pouco as dúvidas sobre a safrinha. "Isso pesa no mercado, assim como a desvalorização cambial", diz.

Mercado interno

No Brasil, os preços, em sua maioria, tiveram mais um dia de estabilidade. Segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, em Luís Eduardo Magalhães (BA), o valor subiu 2,88%, para R$ 25,00 a saca. Em Jataí (GO), a alta foi de 8,64%, com a saca do milho negociada a R$ 22,00. Em São Gabriel do Oeste (MS), o dia foi de queda, ao redor, de 4,76%, com a saca cotada a R$ 20,00.

Na contramão desse cenário, a cotação subiu no Porto de Paranaguá, para R$ 27,50, com ganho de 1,85%. Apesar da queda do dólar, as altas registradas na Bolsa de Chicago contribuíram para o avanço nos preços.

Bolsa de Chicago

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram o pregão desta quarta-feira (26) em campo positivo. As principais posições da commodity encerraram o dia com ganhos entre 4,00 e 4,25 pontos. O vencimento dezembro/14 era cotado a US$ 3,78 por bushel.

Segundo informações reportadas pela agência internacional de notícias Bloomberg, os futuros do cereal foram sustentados pela demanda para a produção de etanol nos EUA. A produção do etanol subiu 1,2% e atingiu 982 mil barris por dia na semana encerrada no dia 21 de novembro, conforme dados divulgados pela Administração de Informação de Energia nesta quarta-feira. Já os estoques caíram cerca de 1,5%.

Frente aos trabalhos de campo quase concluídos no país, os produtores rurais estão armazenando o cereal à espera de melhores preços, de acordo com dados da agência. No início da semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que, cerca de 94% da área cultivada com o cereal nesta safra já foi colhida até o último domingo.

"A produção de etanol, definitivamente, nos dá recursos de apoio", disse o consultor de marketing, Bill Gentry, em entrevista à Bloomberg. "Nós temos uma situação de que os agricultores estão estocando o produto e cada canto está sendo utilizado", completa.

Durante a sessão de hoje, os investidores também tentaram buscar um melhor posicionamento, uma vez que, amanhã a bolsa não opera. Isso por conta do feriado do Dia de Ação de Graças, comemorado nesta quinta-feira (27). 

Veja como fecharam os preços nesta quarta-feira:

>> MILHO

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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