Milho: incerteza sobre tamanho da demanda no Brasil segue pressionando os preços nesta 5ªfeira

Publicado em 16/04/2020 16:38 e atualizado em 17/04/2020 09:14
Chicago ficou estável após menor valor em desde 2016

Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, a única valorização do dia foi percebida em Brasília/DF (6,38% com preço de R$ 50,00). Já as perdas, foram notadas nas praças do Oeste da Bahia (1,11% e preço de R$ 44,65), São Gabriel do Oeste/MS (2,27% e preço de R$ 43,00), Cascavel/PR (3,61% e preço de R$ 40,00), Pato Branco/PR (4,68% e preço de R$ 40,70), Ubiratã/PR (4,82% e preço de R$ 39,50) e Londrina/PR (4,82% e preço de R$ 39,50).

Confira como ficaram todas as cotações nesta quinta-feira.

O mês de março registrou cotações altistas para o milho no mercado brasileiro, inclusive atingindo preços recordes no final do mês. Porém, abril chegou e com ele a tendência se tornou de baixas, com o indicador Cepea, por exemplo, caindo mais de 13% até o momento.

Segundo o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, esse movimento intenso de desvalorizações acontece principalmente em regiões como o estado de São Paulo e a praça de Campinas, enquanto a estabilidade ainda segue presente no Porto Paranaguá (com a saca na casa dos R$ 44,00) e no Nordeste (ainda valendo R$ 60,00). Já na região sul, os preços também caíram, mas não nesses patamares.

Para o pesquisador, a oferta de milho cresceu com a colheita da safra verão e a disponibilização de volumes do cereal por parte de algumas usinas de etanol do Centro-Oeste, o que aliado as depreciações internacionais do cereal, contribuiu para a queda nos preços no país.

Mas o principal fator que mexe com o mercado neste momento é a incerteza sobre o tamanho da demanda no Brasil, em especial para o setor de carnes que consome ração à base de milho. Alves destaca que o avanço do Coronavírus deixa a dúvida sobre como a demanda interna por carnes e as exportações brasileiras vão se comportar daqui em diante, já que o ritmo de algumas indústrias nacionais já está menor.

Neste momento, as cotações já ficaram naturalmente mais incertas, já que vivemos a definição do tamanho da produção da segunda safra, que representa 70% da oferta de milho no Brasil e isso deve impactar em um novo rumo para os preços no segundo semestre.

O pesquisador alerta que o milho brasileiro segue sendo mais competitivo internacionalmente do que concorrentes argentinos e ucranianos, e as exportações devem retomar força na segunda metade do ano, contribuindo para diminuir a oferta interna e atuar na impulsão das cotações.

Mesmo assim, os produtores precisam seguir atentos aos movimentos dos mercados que demandam milho como o de carnes e o de etanol e aproveitar os bons momentos de vendas, quando for possível cobrir seus custos em bons parâmetros, sem esperar situações de preços exageradamente atrativos para fechar as vendas.

B3

Os preços futuros do milho na bolsa brasileira operaram durante todo o dia no campo negativo, com as principais cotações caindo até 1,82% por volta das 16h21 (horário de Brasília).

O vencimento maio/20 era cotado à R$ 45,59 com perda de 1,43%, o julho/20 valia R$ 43,10 com desvalorização de 1,82%, o setembro/20 era negociado por R$ 42,11 com baixa de 1,29% e o novembro/20 tinha valor de R$ 44,00 com queda de 1,46%.

Em sua nota diária, a Agrifatto Consultoria destacou que, “ainda que o mercado brasileiro tenha sua própria dinâmica de negócios, a desvalorização do cereal norte-americano já está refletindo no solo brasileiro e deve continuar a impactar nas cotações por aqui”.

Mercado Externo

A quinta-feira (16) chegou ao fim com poucas movimentações para os preços internacionais do milho futuro na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais cotações registraram flutuações entre 1,75 pontos negativos e 0,50 pontos positivos ao final do dia.

O vencimento maio/20 foi cotado à US$ 3,19 com valorização de 0,50 pontos, o julho/20 valeu US$ 3,26 com queda de 0,50 pontos, o setembro/20 foi negociado por US$ 3,31 com baixa de 1,50 pontos e o dezembro/20 teve valor US$ 3,41 com desvalorização de 1,75 pontos.

Esses índices representaram estabilidade, com relação ao fechamento da última quarta-feira, para o maio/20 e para o julho/20, além de perdas de 0,30% para o setembro/20 e de 0,29% para o dezembro/20.

Segundo informações da Agência Reuters, os futuros do milho endureceram na Bolsa de Chicago após atingir o menor nível em três anos e meio no dia anterior, devido à queda na demanda por etanol.

“A demanda de exportação de milho tem sido sólida, mas a demanda por etanol à base de milho sofreu com as ordens de bloqueio dos Estados Unidos para impedir a propagação do novo Coronavírus, mantendo os carros fora das estradas”, destaca Christopher Walljasper da Reuters Chicago.

Ainda nesta quinta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou que as vendas semanais de exportação de milho totalizaram 969.500 toneladas, em linha com as estimativas comerciais que variam de 750.000 a 1.550 milhões de toneladas.

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Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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