Em VEJA: Por hegemonia, PT retoma a pressão pelo controle da imprensa

Publicado em 03/11/2014 20:22
Texto aprovado nesta segunda-feira, em reunião da Executiva do partido ataca a "direita" e acusa oposição de ser preconceituosa, por Gabriel Castro, de Brasília,

A Executiva Nacional do PT reuniu-se nesta segunda-feira pela primeira vez após a reeleição da presidente Dilma Rousseff – e deixou claro que o partido não encampou a promessa de “diálogo” feita pela petista no discurso depois de constatada sua vitória nas urnas. Resolução aprovada durante a reunião retoma a pressão por uma antiga obsessão do PT: o controle da imprensa. O texto afirma ser "urgente" a construção da "hegemonia", e que por isso é preciso realizar a reforma política e o que o partido chama de "regulação" dos meios de comunicação, termo utilizado pelos petistas para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa no país.

O tom da resolução é de combate àqueles que o PT encara como inimigos a serem calados. "É urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia", diz um trecho do documento. O apelo é reforçado mais de uma vez. 

Depois de serem surpreendidos pelos protestos de 2013 e pelo fim do monopólio petista nas manifestações de rua, os comandantes do partido também pedem um diálogo maior com diferentes grupos: no documento aprovado nesta segunda-feira, eles afirmam que é preciso "compor uma ampla frente onde movimentos sociais, partidos e setores de partidos, intelectuais, juventudes, sindicalistas" possam “debater e articular ações comuns".

Depois de uma campanha eleitoral marcada pela agressividade de que o partido da presidente fez uso para não deixar o poder, outro trecho da resolução acusa a campanha tucana dos crimes mais graves que a Executiva conseguiu listar: "A oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar". A resolução reforça a narrativa construída com eficiência incomparável pela máquina petista nestas eleições, segundo a qual o tucano desrespeita as mulheres e foi agressivo com a chefe da nação.

Mesmo quando parece fazer uma autocrítica, a resolução descamba para os clichês típicos do partido. O texto afirma, por exemplo, que a eleição de 2014 foi a "mais difícil já disputada" pelo PT. Mas, na frase seguinte, em vez de reconhecer os desvios na Petrobras, culpa o "vendaval de acusações". O texto, de oito páginas, afirma que os petistas precisam ser mais proativos na resposta às acusações de corrupção. Culpando o inimigo de sempre, o partido pede atenção porque "setores da direita vão continuar premiando delatores". 

Citado por delator do petrolão, presidente da Transpetro pede licença

Afastamento de Sérgio Machado foi uma das condições impostas pela empresa de auditoria que avalia os contratos feitos pela subsidiária da Petrobras

Presidente da Transpetro, Sérgio Machado (Divulgação)

Atualizada às 19h05

Após ter o nome citado nas investigações da Operação Lava Jato como um dos integrantes do esquema de corrupção na Petrobras, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, pediu licença do cargo nesta segunda-feira. Em depoimento à Justiça Federal, o  ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa relatou que recebeu de Machado 500.000 reais de propina referentes a uma licitação de navios. Em nota, Machado afirma que ficará afastado por 31 dias, sem receber salário. "Tomo a iniciativa de afastar-me temporariamente para que sejam feitos, de forma indiscutível, todos os esclarecimentos necessários", diz o texto.Como informa a coluna Radar, de Lauro Jardim, Machado afirmou em reunião com diretores nesa tarde que está sendo "injustiçado".

"Apesar de toda uma vida honrada, tenho sido vítima nas últimas semanas de imputações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, cujo teor ainda não foi objeto sequer de apuração pelos órgãos públicos competentes. A acusação é francamente leviana e absurda, mas mesmo assim serviu para que a auditoria externa PwC apresentasse questionamento perante o Comitê de Auditoria do Conselho de Administração da Petrobras", segue a nota. "Trata-se de um gesto de quem não teme investigações. Pretendo com isso, também, evitar eventuais atrasos na divulgação do balancete do terceiro trimestre da Petrobras. Estou certo do pleno rigor e lisura de minha gestão na Transpetro, e tranquilo quanto ao curso das investigações. Tenho todo o interesse de que tudo seja averiguado rapidamente", encerra.

Ex-senador, Machado é afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Por causa do seu envolvimento, a presidente Dilma Rousseff já havia cogitado demiti-lo do cargo. O PMDB, no entanto, impediu a exoneração, alegando que o mesmo tratamento fosse dado aos petistas também citados na Lava Jato, como tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Na semana passada, Vaccari disse que deixaria o posto no conselho de administração da Itaipu.

O afastamento imediato de Sérgio Machado foi uma das exigências impostas pela PriceWaterhouseCoopers para realizar a auditoria de contratos da subsidiária de transporte e logística da Petrobras. A Price é uma auditora independente que avaliza os balanços comerciais e financeiros da estatal. Nos bastidores, o PMDB acredita que ele deve sair de cena temporariamente até que a investigação comprove a sua inocência, para depois reaver o cargo.

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(Com Estadão Conteúdo)

Fonte: veja.com

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