Dólar fecha a R$ 2,19, maior taxa desde 2006; Bovespa reduz perdas e cai 7,6%

Publicado em 06/10/2008 14:36

O mercado de câmbio atravessou nesta segunda-feira o pior dia da crise dos créditos "subprime", empurrando o preço da moeda americana para seu maior patamar desde 25 de setembro de 2006. A disparada de hoje --7,42%-- é a maior desde 29 de janeiro de 1999, época em que o regime cambial estava em processo de mudança. Os investidores reagiram nervosamente ao noticiário do final de semana, que mostrou a piora da crise financeira, desta vez, no sistema bancário europeu.

"Já em setembro, nós começamos a ver algumas instituições financeiras européias com problemas, já precisando de ajuda dos governos. O pânico de hoje dos mercados têm um pouco disso, mas também das notícias de sexta-feira", comentou o economista do Banco Real, Cristiano Souza.

O dólar comercial foi cotado a R$ 2,198 na venda, o que representa uma forte alta de 7,42% sobre a cotação de sexta-feira. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado a R$ 2,330, num avanço de 7,87%.

E perto do horário de fechamento, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) suaviza o ritmo de perdas e cede 7,62%, alcançando os 41.142 pontos (pelo índice Ibovespa). A Bolsa de Nova York, no epicentro da crise, amarga baixa de 4,11%.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o mercado está "irracional". "Essa situação é passageira. Nós estamos no momento mais agudo dessa crise. Ela tem mais de um ano, mas se aprofundou nesse momento, que é quando se revelam os ativos podres dessas empresas", afirmou ele, em uma entrevista conjunta com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Brasília.

O BC voltou a intervir no câmbio e realizou um leilão de swap cambial, que funciona como uma venda de dólares no mercado futuro e poderia suavizar o ritmo de alta das cotações. A medida foi anunciada após a cotação do dólar ultrapassar a casa dos R$ 2,15. O BC colocou US$ 1,468 bilhão no mercado financeiro, cerca da 70% da oferta inicial.

Analistas afirmaram que a alta de hoje foi bastante especulativa, com alguns agentes financeiros que aproveitaram o pânico generalizado para puxar as cotações. Para especialistas, o preço da moeda americana não se sustenta nesse patamar num prazo mais alongado.

O boletim Focus, preparado pelo BC, mostrou que a maioria dos economistas de bancos e corretoras revisou para cima suas projeções para a taxa de câmbio em dezembro --de R$ 1,70 para R$ 1,80 no final deste ano; e de R$ 1,77 para R$ 1,82 em dezembro de 2009.

Juros futuros

O mercado futuro de juros, que serve de referência para as tesourarias dos bancos, também puxou as taxas projetadas para 2010 e 2011. No contrato de janeiro de 2010, a taxa projetada subiu de 14,49% para 14,82%; e no vencimento de janeiro de 2011, a taxa prevista avançou de 14,40% para 14,92%.

 

Fonte: Folha de SP

Fonte: Folha de SP

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