Dólar fecha estável com comentários de Galípolo e cenário político no foco
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 18 Dez (Reuters) - Após subir a R$5,56 pela manhã, o dólar perdeu força no Brasil e encerrou a sessão praticamente estável ante o real, em sintonia com a melhora mais ampla dos ativos brasileiros após o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçar em entrevista à imprensa que a decisão sobre a Selic em janeiro ainda não está tomada.
A esperança de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ainda seja o principal nome da direita na eleição presidencial também tirou força da moeda norte-americana, em meio ao noticiário político do dia.
O dólar à vista fechou o dia com variação positiva de 0,04%, aos R$5,5244. No ano, a moeda acumula baixa de 10,59%.
Às 17h29, o contrato de dólar futuro para janeiro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,01% na B3, aos R$5,5340.
A moeda norte-americana ensaiou ganhos firmes ante o real pela manhã, na esteira do avanço da divisa no exterior e do mal-estar em relação ao cenário político, desde que o senador Flávio Bolsonaro (PL) despontou como o principal nome da direita para a eleição presidencial.
Às 9h58, ainda na primeira hora de negócios, o dólar à vista atingiu a máxima intradia de R$5,5600 (+0,68%).
Entre o fim da manhã e o início da tarde, no entanto, a moeda perdeu força, chegando a ceder ante o real, em meio a uma melhora dos ativos locais.
Um dos fatores para isso foi a sinalização de Galípolo de que o BC ainda não definiu se cortará ou não em janeiro a taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano.
Mais cedo, o Relatório de Política Monetária mostrou que o BC projeta uma inflação em 12 meses de 3,2% no terceiro trimestre de 2027 -- ainda um pouco acima do centro da meta contínua perseguida pela instituição, de 3%.
O terceiro trimestre de 2027 passou a ser considerado pelo mercado como um período-chave, já que se torna a referência para o horizonte relevante da política monetária na reunião de janeiro do BC.
Durante coletiva de imprensa sobre o relatório, porém, tanto Galípolo quanto o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, pontuaram que as projeções são embutidas de incerteza e que há limitações para elas em um horizonte de 18 meses.
Sobre isso, Guillen reforçou a ideia, já contida no comunicado da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), de que o BC mira "o redor da meta" de inflação.
Galípolo também disse que a autarquia segue dependente de dados e que "não há portas fechadas" nem "setas dadas" para as decisões de política monetária.
Os comentários de Galípolo e Guillen mantiveram a expectativa de que o BC possa cortar a Selic em 25 pontos-base em janeiro, o que pesou sobre a curva de juros e deu força ao Ibovespa.
No mercado de câmbio, o dólar cedeu à mínima de R$5,5020 (-0,37%) às 13h05, pegando carona em uma percepção geral mais positiva após os comentários de Galípolo, em movimento ajudado ainda pelo noticiário político.
Em entrevista ao Valor, o presidente da federação União Brasil-Progressistas, senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que o nome de Tarcísio -- candidato preferido do mercado -- não está sepultado, apesar da recém-lançada candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL). Ciro defendeu que o cenário eleitoral seja reavaliado em março, para verificação da viabilidade de Flávio.
“A leitura de que a pré-candidatura presidencial ainda está em aberto favoreceu uma melhora marginal do humor, permitindo recuperação do Ibovespa em direção às máximas do dia, enquanto câmbio e curva de juros passaram a devolver ganhos”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.
No exterior, às 17h29 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,06%, a 98,433.
(Edição de Isabel Versiani)
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