Ministro grego critica "loucura" das agências de classificação

Publicado em 06/07/2011 09:00
O ministro grego das Relações Exteriores, Stavros Lambrinidis, denunciou nesta quarta-feira a "loucura" das agências de classificação financeira, depois das decisões controversas da Standard and Poor''s e da Moody's. "Ontem a Moody''s rebaixou a nota de Portugal. Mas o rebaixamento não aconteceu porque Portugal não está fazendo reformas, e sim motivado pela hipótese de que o país necessite um novo resgate. Percebem a loucura desta profecia autocumprida?", questionou em uma entrevista em Berlim.

"Infelizmente, muitas pessoas dos mercados supostamente racionais apostaram bilhões de euros no naufrágio da Grécia, assinando contratos de seguros contra o falta de pagamento da dívida soberana, os CDS (Credit Default Swaps)", completou Lambridinis. A agência Standard and Poor's afirmou recentemente que a participação dos bancos privados no novo resgate da Grécia poderia equivaler a uma suspensão de pagamentos (default) seletiva, o que ativaria o pagamento dos CDS.

O ministro grego também pediu o fim da "retórica de castigo" na Alemanha. "Os alemães têm a impressão de que precisam salvar os pecadores, e os gregos acreditam que estão sendo ajudados por chefes severos", criticou. Apesar de ter agradecido o "apoio" das Alemanha, Lambrinidis recordou que a maior economia europeia obteve grandes vantagens com a introdução da moeda e do mercado únicos. "O aeroporto de Atenas foi construído em grande parte por empresas alemãs, e pago com fundos europeus", disse.

Entenda a crise
A dívida pública da Grécia alcançou 340,227 bilhões de euros em 2010, o que corresponde a 148,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O país se encontrou, então, com níveis de divida acima dos necessários para permanecer como membro da zona do euro. O governo tinha duas escolhas: sair do grupo e voltar a adotar moeda local ou apertar os cintos e pleitear um empréstimo internacional. Optou pela segunda.

No segundo semestre de 2010, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) concordaram em ceder um pacote de ajuda de 110 bilhões de euros, que seria liberado em parcelas, conforme o progresso do enxugamento das contas do país. O primeiro conjunto de cortes foi feito na entrega da primeira parcela. Sem os empréstimos, Atenas entraria em default (não pagamento temporário da dívida). O primeiro-ministro grego, George Papandreou, havia afirmado que, sem a ajuda, os cofres do país ficariam vazios "em questão de dias".

Pressionado, o governo grego aprovou um novo pacote de austeridade em 29 de junho para poder receber mais uma parcela - de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões). O pacote inclui corte de gastos, de empregos, de salários, aumentos de impostos e vendas de ativos estatais. As medidas de austeridade são altamente impopulares entre os gregos. Sindicatos afirmam que a taxa de desemprego já ultrapassou os 16%. A polícia entrou em confronto com manifestantes em algumas ocasiões nas ruas próximas ao parlamento grego.

Fonte: AFP

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