Crise não interrompe alta dos preços agrícolas

Publicado em 31/08/2011 07:01
A crise nos Estados Unidos e na Europa não deve interromper a trajetória de alta dos preços agrícolas. É o que diz o economista José Roberto Mendonça de Barros (foto) em entrevista publicada na edição de agosto de Globo Rural, que chega às bancas nesta sexta-feira.
“A situação dos EUA e da Europa é realmente muito delicada, mas não acredito que a trajetória de alta dos preços das commodities agrícolas seja revertida, fundamentalmente pela demanda asiática e de outros países emergentes que continuará a crescer”, disse Mendonça de Barros.
Segundo ele, a chave para as cotações de alimentos ainda está na China, o que sugere preços bons para a próxima safra. No médio e longo prazos, acrescenta Mendonça de Barros, o crescimento da população mundial, que em outubro próximo alcança a marca de sete bilhões de pessoas, e a espantosa velocidade do processo de urbanização nos países emergentes vão continuar a pressionar a demanda, mantendo os preços agrícolas elevados pelo menos por mais dez anos.

Veja trechos da entrevista:

Globo Rural – A tendência é de a comida ficar cada vez mais cara.
Mendonça de Barros - Por um tempo, não pelo resto da vida. O que nós temos hoje, e que deve durar pelo menos 10 anos, é que a velocidade do crescimento da demanda ultrapassou à da oferta. Em algum lugar do futuro, é muito provável que a demanda comece a mudar e oferta alcance a demanda. Vamos passar por aquilo que estão passando hoje os países mais desenvolvidos. Muda a estrutura da demanda e os volumes se reduzem, até devido a problemas de saúde como a obesidade. Os chamados alimentos funcionais passam a ser mais importantes, e aí o consumo do produto básico tende a se acomodar. Também temos que considerar que a população está envelhecendo. Pessoas mais velhas consomem produtos diferentes e em menor volume.

Globo Rural – O que senhor recomenda aos agricultores nestes anos de vacas gordas?
Mendonça de Barros - Os que aproveitam de verdade são aqueles que se mantêm. Quanto melhor for o preço do produto, mais exigente ele fica com a eficiência da fazenda para aumentar a sua margem. Ele pode até aumentar o tamanho da operação, mas jamais ao ponto de perder a liquidez. O setor agrícola é basicamente competitivo. Qualquer inovação que entre no sistema, uma variedade nova, aumenta o lucro do produtor. Mas rapidamente o vizinho copia, a cooperativa espalha a novidade e o preço cai. Você inova, quebra a cabeça e daqui a dois anos é copiado por todo mundo e o preço cai. E aí você tem que partir para outra. Assim é a vida do agricultor.

Fonte: Globo Rural

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética